O voo MH370 da Malaysia Airlines desapareceu há dez dias, com 239 pessoas a bordo. Vinte e seis países procuram o Boeing sumido por terra e por mar, para já, sem grandes avanços na investigação. Familiares dos passageiros ameaçam fazer greve de fome em protesto contra a falta de informação.
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Familiares dos passageiros chineses que seguiam a bordo do voo MH370 da Malaysia Airlines ameaçaram, esta terça-feira, começar uma greve de fome até que o Governo malaio lhes forneça informações verosímeis.
Das 239 pessoas a bordo do aparelho, 153 eram cidadãos chineses.
O anúncio foi feito num comunicado, lido por um dos familiares, num hotel de Pequim, onde centenas de pessoas aguardam por notícias. O aparelho desapareceu a 8 de março, 40 minutos após ter descolado de Kuala Lumpur com destino a Pequim.
A China reposicionou 21 satélites, mais 12 do que os que mobilizou nos primeiros dias de busca, para ajudar no rastreio realizado por outros 25 países, anunciou, esta terça-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hong Lei.
"A busca do avião é nossa máxima prioridade, sublinhou, explicando que a China disponibilizou também 10 navios e vários aviões. Além do mar, a China começou a procurar no seu próprio território, como parte de uma grande missão internacional que procura em dois corredores, um a norte e outro a sul, definidos em relação à última posição do avião captada pelos radares.
A operação desenrola-se numa área vastíssima, em regiões que incluem a Ásia Central e o Oceano Índico.
Conforme os dados de um satélite militar, o avião desaparecido poderia ter sobrevoado o extremo ocidental da China sem ser detetado pelos radares comerciais, segundo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.
Hong Lei explicou que a China divulgará informações detalhadas à Malásia sobre os resultados das buscas e pediu ao Governo malaio uma colaboração recíproca.
O embaixador chinês na Malásia, Huang Huikang, disse que as autoridades estão a lidar com informações que não pode revelar aos meios de comunicação social, sem acrescentar mais detalhes.
O diplomata afirmou que nenhum dos 153 chineses que viajavam a bordo do avião da Malaysia Airlines tem um perfil que levante suspeitas para um possível sequestrador ou terrorista.
Rota alterada pelo computador
A rota do avião da Malaysia Airlines pode ter sido alterada através do sistema informático e não manualmente, como até agora se apontava, disseram fontes norte-americanas ao diário The New York Times.
O sistema informático de controlo de voo dirige o avião de um ponto para outro seguindo os dados introduzidos antes da descolagem, ainda que neste caso não seja claro o momento da reprogramação da rota - se antes ou depois de o aparelho iniciar viagem, explicaram as fontes.
O facto de a rota poder ter sido alterada através do sistema informático reforça a hipótese de que o desaparecimento do avião se deve a um ato deliberado e coloca as atenções sobre os pilotos do aparelho, na opinião dos investigadores consultados pelo jornal norte-americano.
As fontes do "The New York Times" consideram improvável que um dos passageiros fosse capaz de mudar a rota através do sistema informático, por se tratar de uma operação de grande complexidade, e apontam como mais plausível a intervenção de um dos pilotos ou tripulantes do aparelho.