Homem que perdeu a filha na Irlanda do Norte terá ameaçado matar a rainha Isabell II durante uma viagem de Estado que fez na companhia do marido a São Francisco, nos EUA, revelam documentos do FBI.
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O episódio aconteceu em 1983, mas só agora, quase nove meses após a morte da monarca, foi trazido a público pelo FBI. Há 40 anos, durante uma visita oficial à Califórnia, a rainha Isabel II e o príncipe Filipe visitaram várias cidades, passando por São Francisco, onde, de acordo com documentos oficiais, a soberana terá tido a vida em risco.
Cerca de um mês antes da viagem - que levou Isabel II ao encontro do então presidente dos EUA Ronald Reagan -, o FBI recebeu relatos de eventuais ameaças à rainha inglesa. Os arquivos da polícia, consultados pela Imprensa britânica, dão conta que um polícia que frequentava um pub irlandês em San Francisco alertou os agentes federais sobre um telefonema de um homem que tinha conhecido no local.
De acordo com o polícia local, o suspeito, alegadamente simpatizante do IRA, disse-lhe que queria vingança pela morte da filha, que "foi atingida na Irlanda do Norte por uma bala de borracha".
"O homem ia tentar atingir a rainha Isabell II ao atirar algum objeto da ponte Golden Gate para o iate Real Britannia quando este passasse por baixo, ou tentaria matar a rainha na altura em que ela ia visitar o Parque Nacional de Yosemite", indicam os documentos confidenciais agora divulgados, cita a BBC.
Em resposta à eventual ameaça, a polícia federal ponderou fechar a Ponte Golden Gate ao trânsito no momento que o iate se aproximasse, no entanto, mais de 40 anos depois, não está claro quais foram as medidas aplicadas em Yosemite durante a visita do casal real.
Contudo, os documentos não indicam que alguém tenha sido detido por tentar realizar qualquer ato violento contra a monarca nesta ou em qualquer outra visita oficial.
Segundo o "The Guardian", outro documento do FBI relativo à visita de Estado da rainha aos EUA em 1991 revela preocupações de que grupos irlandeses poderiam estar a planear protestar contra a presença da monarca num jogo de beisebol. A informação veio à tona numa publicação do jornal irlandês da Filadélfia "Irish Edition".
"O artigo afirmava que os sentimentos antibritânicos estão a aumentar como resultado das injustiças infligidas ao Birmingham Six pelo corrupto sistema judicial inglês e a recente onda de assassinatos brutais de nacionalistas irlandeses", referem os documentos de arquivo do FBI.
Embora no artigo não constassem ameaças contra o presidente dos EUA ou a rainha, "as declarações podem ser vistas como inflamatórias", uma vez que o grupo irlandês tinha reservado vários lugares no estádio onde a monarca ia estar.
A luta contra a influência britânica atingiu o auge em 1979, quando o primo de segundo grau de Isabel II, Lord Mountbatten, foi morto num atentado do IRA no condado de Sligo, na Irlanda.