Núñez Feijóo enviou, hoje, uma carta aberta dirigida a Pedro Sánchez, para tentar um acordo entre os dois maiores partidos espanhóis, que permita aos populares formar Governo. O líder do PP insiste que deve liderar o país e a vontade ganha nova força com o resultado do voto da diáspora, que lhe deu mais um deputado.
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"Como candidato com o maior apoio dos cidadãos, com vontade de dar continuidade aos precedentes da alternância política, manifesto a minha vontade de me reunir convosco durante esta semana para discutir os temas que expus, conhecer as vossas posições e poder detalhar as minhas na responsabilidade que acompanha o candidato da força política vencedora", escreveu o galego ao líder socialista, explicando que Espanha "não merece uma situação de ingovernabilidade".
Feijóo alertou ainda para "possíveis combinações negativas que polarizariam a sociedade, prejudicariam seriamente a coesão territorial e levariam o sistema constitucional aos seus limites", numa altura em que o PSOE ficou ainda mais dependente do Junts, partido independentista catalão, após os resultado do voto da diáspora.
Recontagem em Madrid
As contas para a formação de Governo complicaram-se após a divulgação dos resultados das legislativas no estrangeiro ter contrariado as previsões e retirado um deputado ao PSOE, que passou a depender do apoio explícito dos catalães Junts, liderados por Carles Puigdemont, exilado em Bruxelas e com mandado de detenção em Espanha.
Os socialistas exigiram, hoje, a recontagem de 30 mil votos declarados nulos na região de Madrid, para tentar angariar mais um deputado e evitar que os independentistas tenham mais força negocial, mas a pretensão foi rapidamente recusada pela Junta Provincial. Apesar de os socialistas considerarem que a pequena diferença entre PP e PSOE justificava rever todos os boletins de voto anulados, a junta eleitoral considerou que o pedido se baseava unicamente em “especulação”. Poderá ainda haver lugar a recontagens em casos específicos, mas não de todos os votos.
O sistema político espanhol vive destes pequenos equilíbrios e foi o que aconteceu sexta-feira, quando a recontagem dos votos Cera (Censo Eleitoral de Residentes Ausentes) retirou um deputado aos socialistas e entregou o lugar ao PP. Com esta mudança, a direita (PP, VOX, UPN e Coligação Canárias) passa a ter 172 deputados e a esquerda (PSOE, Sumar, Bildu, PNV, BNG e ERC) 171, dificultando a vida a Sánchez, que já não pode contar com uma abstenção dos independentistas do Junts, mas com um voto a favor da investidura dos sete deputados catalães.