O rei Felipe VI propôs, esta terça-feira, que Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e primeiro-ministro em funções, seja o candidato à investidura. A decisão do monarca ocorreu após dois dias de consultas com as forças políticas com representação parlamentar.
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A indigitação de Sánchez foi comunicada à presidente do Congresso dos Deputados, Francina Armengol, quenão se comprometeu com uma data para o debate de investidura. "O importante é que o candidato tenha tempo para realizar reuniões com as diferentes forças políticas, e o meu bom senso diz-me que, quando a situação estiver suficientemente madura, convocaremos a sessão plenária com a maior urgência possível", disse Armengol.
O monarca reuniu-se, na manhã de terça-feira, com o líder socialista e o popular Alberto Núñez Feijóo, derrotado de forma definitiva na sexta-feira, quando o seu Executivo de Direita não conquistou uma maioria simples de apoios. No dia anterior, Felipe VI fez consultas com as lideranças da Coligação Canária (CC), da União do Povo Navarro, do Partido Nacionalista Basco (PNV), do Sumar e do Vox.
"Disponho-me a trabalhar para formar o mais antecipadamente possível um Governo de coligação progressista entre o PSOE e o Sumar, com apoio parlamentar suficiente para garantir a estabilidade que o país necessita, e para continuar a promover políticas progressistas e de coexistência no quadro da Constituição", discursou Sánchez, citado pela diário "El País".
Sánchez afirmou que tomará uma posição sobre a amnistia aos independentistas catalães após ouvir as propostas dos grupos, mas enfatizou que cumprirá a Constituição. “Se os espanhóis disseram alguma coisa no dia 23 de julho, é que não se pode presidir ao Governo da nação sem compreender a pluralidade política do Parlamento nem a diversidade territorial da nação", reiterou o secretário-geral socialista.
"É hora da política, o que não foi feito pelo PP; do compromisso com o país; da generosidade, para que possamos encontrar juntos uma forma de articular um Governo, não para uma investidura, mas para uma legislatura. É o momento da liderança", completou.
Apesar de Sánchez estar confiante de que consegue 179 votos para ser investido, segundo o jornal "El País", a líder da plataforma de Esquerda Sumar, Yolanda Díaz, alertou ontem que um acordo ainda está "longe". A vice-presidente de Governo não adiantou como estão as negociações, mas pediu quer estas aconteçam com "discrição, responsabilidade e muito diálogo".
A responsabilidade pedida por Díaz está relacionada com as exigências dos catalães para apoiarem um Executivo encabeçado pelo PSOE. Fontes do Sumar ouvidas pela agência de notícias EFE continuam otimistas e acreditam que as demandas são "um teatrinho".
Na última sexta-feira, os independentistas do Juntos pela Catalunha (JxCat) e do Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) aprovaram uma resolução no Parlamento autonómico para condicionar uma investidura de Pedro Sánchez ao apoio do socialista a um novo referendo. Outra demanda do movimento separatista é a amnistia das figuras políticas fugidas da Justiça desde a declaração unilateral de independência da região, em 2017.
As negociações continuem noutras frentes também. A deputada Cristina Valido, da CC, admitiu ontem, após reunir-se com o rei, que estaria disponível para o diálogo e para analisar as propostas. A parlamentar da Coligação Canária votou, na semana passada, de forma favorável à investidura de Feijóo.
Feijóo alerta sobre apoios
O líder do Partido Popular (PP), ainda antes de ser anunciada a indigitação de Sánchez, salientou que o PP respeitaria "a proposta [de Felipe VI], apesar de todos aqueles que não respeitaram a sua proposta quando me designou como candidato". "É a primeira vez que um presidente de Governo perde as eleições e a primeira vez que tenta ser investido depois de ter perdido as eleições", acrescentou.
Feijóo destacou que um novo Executivo do PSOE tem menos apoio do que tinha há um mês. Além do Sumar, cujo porta-voz Ernest Urtasun advertiu que o PSOE não receberá um "cheque em branco" do partido, outros aliados fazem pedidos. A porta-voz do Bloco Nacionalista Galego, Ana Pontón, por exemplo, afirmou que, "no dia de hoje, Sánchez não tem o apoio do BNG". Pontón quer um comprometimento com "projetos estratégicos para o futuro da Galiza", de acordo com a EFE.