
Foto: Atta Kenare/AFP
Uma atualização da rede social X reacendeu, esta terça-feira, no Irão a polémica sobre as restrições no uso da Internet impostas à população, ao expor o acesso livre de muitos políticos, funcionários do Estado e jornalistas.
As autoridades de Teerão instituíram o uso de VPN (Virtual Private Network, um protocolo eletrónico de segurança) para se poder utilizar as plataformas X, Instagram, Telegram, entre outras, mas uma nova função do X identifica de que país o utilizador está a aceder, pondo a nu que a censura não é aplicada a certas pessoas, que recorrem a cartões SIM (cartões com chip) 'brancos' ou desbloqueados, sem quaisquer restrições.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araqchi, a porta-voz do governo, Fatemeh Mohajerani, e vários deputados conservadores que defenderam aquele tipo de censura foram agora expostos às próprias contradições por terem dito que também usavam as VPN.
"Uso VPN como todos e o meu filho a minha nora ajudam-me na configuração", declarou Mohajerani em 2024, quando questionado sobre a censura sobre as redes sociais em vigor na República Islâmica do Irão, cujo fim tinha sido prometido na campanha eleitoral pelo presidente, Masud Pezeshkian.
Entretanto, foram alteradas as configurações de várias contas de personalidades ligadas ao regime teocrático iraniano.
"Enquanto cidadão comum luta pelo seu direito ao livre acesso à informação e à liberdade de expressão, há este grupo privilegiado que beneficia de um acesso exclusivo à informação", contestou o ativista e antigo preso político Hossein na rede social Telegram.
O chefe do Departamento de Informação do governo iraniano, Ali Ahmadnia, anunciou depois no X que a administração vai rever atribuição dos 'cartões brancos' que foram distribuídos, sugerindo que foi algo da responsabilidade de outros executivos e afirmou que já pediu a publicação da lista das pessoas que tem aquela ferramenta.
Segundo dados da Companhia de Telecomunicações do Irão, cerca de 80% dos utilizadores iranianos da Internet consultam páginas e redes sociais através da VPN, portanto, com as restrições associadas.
Apesar da promessa de Pedestriana levantar essa censura, em 16 meses de mandato as aplicações continuam bloqueadas no Irão, exceto a rede social WhatsApp e a plataforma de aplicações digitais Google Play.
