A filha do ideólogo russo ultranacionalista Alexander Dugin, que se acredita ter tido uma forte influência sobre o líder russo, morreu na explosão de num carro-bomba nos arredores de Moscovo.
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Darya Dugina, cujo pai é o comentador político russo Alexander Dugin, conhecido como "cérebro de Putin", morreu quando o Toyota Land Cruiser que conduzia ter explodido a cerca de 20 quilómetros a oeste da capital russa, perto da vila de Bolshiye Vyazemy, por volta das 21.30 horas locais (19.30 horas em Portugal continental).
"Um dispositivo supostamente instalado num carro Toyota Land Cruiser explodiu numa via pública e, em seguida, o carro incendiou-se", escreveu o Comité de Investigação para a região de Moscovo. "A condutora morreu no local. A identidade da falecida foi estabelecida: é a jornalista e cientista política Darya Dugina."
BREAKING: Darya Dugina, Daughter of Aleksandr Dugin, who is often called "Putin's brain", was assassinated in a car explosion near Moscow. pic.twitter.com/PLxsx4b9ht
- BNN Newsroom (@BNNBreaking) August 20, 2022
Segundo o jornal britânico "The Guardian", destroços foram projetados para toda a estrada e o carro foi engolido pelas chamas antes de embater contra uma cerca.
Andrey Krasnov, amigo de Dugina e líder do movimento social russo Horizonte, disse que a bomba poderia ter sido destinada ao pai. "Este era o carro do pai. Darya conduzia outro carro, mas usou o carro dele hoje, enquanto Alexander foi por um caminho diferente", disse Krasnov.
Segundo a "BBC", o filósofo ultranacionalista e a filha tinham sido convidados de honra do festival "Traditsiya [Tradição]", realizado perto de Moscovo, onde Alexander Dugin deu uma palestra. Dugin e a filha deveriam voltar juntos, mas o pai terá decidido viajar separadamente.
Nenhum suspeito foi imediatamente identificado, mas o líder separatista de Donetsk (leste da Ucrânia), Denis Pushilin, acusou os "terroristas do regime ucraniano" de terem "tentado matar Alexander Dugin", segundo a agência norte-americana AP.
"Guia espiritual" da invasão na Ucrânia
Líder do Movimento Eurasiático, Alexander Dugin, 60 anos, tem sido descrito no Ocidente como "cérebro de Putin" e "guia espiritual" da invasão da Ucrânia, que o Presidente da Rússia ordenou em 24 de fevereiro, embora se desconheça se mantém contactos com o líder russo.
Apoiante da invasão da Ucrânia, como o pai, Darya Dugina, de 29 anos, foi alvo de sanções das autoridades norte-americanas e britânicas, que a acusaram de contribuir para a desinformação em relação à guerra iniciada pela Rússia.
Numa entrevista em maio, descreveu a guerra na Ucrânia como um "choque de civilizações" e manifestou orgulho por ela e o pai terem sido sancionados pelo Ocidente, segundo a BBC.
Alexander Dugin também foi alvo de sanções dos Estados Unidos em 2015, na sequência da anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014.
Dugina era comentadora política do canal de televisão nacionalista Tsargrad. "Dasha, como o seu pai, sempre esteve na vanguarda do confronto com o Ocidente", disse hoje o canal, usando a forma familiar do nome da comentadora.