Jovens quenianos estão a protestar contra o aumento dos impostos. Armados com cartazes coloridos e os seus telemóveis, o movimento cresce online, mas também nas nas ruas de Nairóbi.
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Originária de um bairro de lata na capital do Quénia, Nairóbi, Sarah Njoroge viu os pais proibirem os seus irmãos mais velhos de participarem em manifestações antigovernamentais, temendo a repressão sangrenta que se seguiria. Mas a jovem de 21 anos passou dois dias na semana passada entre nuvens de gás lacrimogéneo e a fugir de canhões de água, sempre de telemóvel na mão, em vez de assistir às aulas de psicologia.
Sarah faz parte de uma multidão maioritariamente da Geração Z, que inundou as ruas de todo o Quénia, reunindo milhares de jovens de diferentes classes sociais unidos na oposição aos aumentos de impostos. Armados com telemóveis e muitas vezes a transmitir os protestos em direto, os manifestantes conquistaram fãs online.
Muitos disseram que queriam desafiar o cliché de que sua geração é apolítica ao prepararem uma greve nacional na terça-feira. Outros já pagaram um preço pela sua luta com pelo menos duas mortes e dezenas de feridos, segundo defensores dos direitos humanos.
O movimento começou nas redes sociais e transformou-se em protestos em Nairóbi, que depois se espalharam por todo o país. Inicialmente, o governo considerou os protestos "sem noção" mas agora o presidente William Ruto diz estar pronto para o diálogo com os manifestantes. “Estou muito orgulhoso dos nossos jovens e quero dizer-lhes que vamos envolvê-los”, disse Ruto, elogiando as manifestações por serem “pacíficas”.
No entanto, a organizadora do protesto, Hanifa Adan, disse que Ruto precisava de “responder publicamente” às suas exigências, cancelando o aumento dos impostos. pedindo o cancelamento das caminhadas. “O presidente Ruto não pode alegar que nos apoia enquanto a sua polícia brutaliza manifestantes pacíficos”, disse à AFP, acrescentando que estava escondida para evitar a detenção.
O governo fez algumas concessões, mas prometeu avançar com outros aumentos de impostos.
O Quénia tem uma longa história de protestos, com os manifestantes a enfrentarem detenções e violência policial durante a sua luta pela democracia multipartidária nas décadas de 1980 e 1990.
O país é uma das economias mais dinâmicas da África Oriental. No entanto, mais de um terço dos seus cerca de 52 milhões de habitantes vive na pobreza, segundo dados do governo.