"Filme de terror". Agente funerária mantinha corpos de bebés em casa a "ver" televisão
Amie Upton, de 38 anos, guardava os corpos de bebés que chegavam à sua agência funerária e colocava-os em casa, em Leeds, no norte de Inglaterra, em frente à televisão. A mãe de um dos bebés deparou-se com o cadáver do filho a "ver" desenhos animados e denunciou o caso.
Corpo do artigo
Segundo relata o jornal britânico "The Guardian", Amie Upton tem um serviço de apoio funerário para bebés, Florrie's Army, cujo nome é uma homenagem ao bebé que perdeu em 2017. O bebé nasceu morto. Na página de Facebook da empresa, refere-se que são fornecidas roupas, impressões das mãos e fotografias para eternizar a despedida.
Nas últimas horas, depois de a BBC ter avançado com o caso, várias pessoas deixaram comentários nas redes sociais do serviço funerário. Cody Townend, por exemplo, relata que Upton foi "fantástica" durante o tempo que passaram no hospital. No entanto, o "problema" começou quando a mulher retirou a bebé da morgue. "Nunca mais a vi depois disso", lamenta o pai. "Ela estava sempre a inventar desculpas" e acabou por "levar a bebé para casa dela".
"Nunca tive os últimos momentos com a minha filha. Ela prometeu-me dias e dias depois que eu poderia vê-la". Quando finalmente foi a casa de Upton, viu que a mulher não guardou bem o corpo "e ele deteriorou-se", relata Townend. "Não pude ver a minha primeira e única filha daquela forma. Não era assim que eu queria lembrar-me dela", lamenta. "Quando cheguei lá, ela estava a fumar erva à porta de casa, enquanto a minha filha morta estava deitada no sofá, como se fosse um comportamento normal", conclui o pai.
"Entre, estamos a ver PJ Masks"
A mãe que denunciou o caso, Zoe Ward, contratou o serviço de Upton quando o seu filho, Bleu, morreu de complicações cerebrais com apenas três semanas, em 2021. Em declarações à BBC, admite que achou o serviço "brilhante" e contava que o filho fosse "bem cuidado", num ambiente profissional, e que fosse colocado num "CuddleCot" - um berço refrigerado que permite preservar o corpo do bebé por vários dias para que os pais tenham mais tempo para se despedir.
No entanto, quando visitou Bleu em casa de Upton, conta que ficou "aterrorizada" ao encontrar o corpo do filho na sala a "ver" desenhos animados numa espreguiçadeira.
Upton convidou-a a entrar: "Entre, estamos a ver PJ Masks [desenhos animados]". Com um "arranhador de gatos no canto", "um cão a ladrar" e "outro bebé [morto] no sofá", relata Ward, "não era uma visão agradável". Ligou para a mãe e contou a situação: "Isto está sujo, está imundo, ele não pode ficar aqui".
"Um filme de terror"
Um outro casal foi enganado por Upton, que assegurou que o corpo da sua bebé estava guardado numa funerária até que pudesse ser enterrado, quando, na verdade, estava em casa da mulher. A mãe contou à BBC que acreditava que o corpo da sua filha não tinha sido mantido à temperatura correta por apresentar sinais exteriores de degradação.
A avó da bebé refere que a situação "era uma loucura". "Se eu contasse esta história a alguém., pensariam que se tratava de um filme de terror", admite.
A administração hospitalar, contactada pela imprensa britânica, revela que já recebeu "várias queixas graves" nos últimos anos, que foram entregues à polícia, aos reguladores relevantes e ao gabinete do médico legista. Desde o início do ano que Upton está proibida de entrar em maternidades e morgues na cidade de Leeds.
A Polícia confirmou à BBC que investigou duas queixas sobre o serviço funerário de Upton desde 2021, mas, após "investigações exaustivas, não foram identificados potenciais crimes".
No Reino Unido não existe um regulamento específico para as agências funerárias, incluindo a forma como os corpos devem ser manuseados ou armazenados. Duas associações profissionais têm um código de conduta conjunto, que inclui normas para inspeções, mas a adesão não é obrigatória.