O fim da moratória israelita sobre a colonização da Cisjordânia pode pôr em causa as negociações de paz. A ameaça foi deixada, hoje, terça-feira, pelo presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, em Paris.
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Os colonos israelitas retomaram ontem, segunda-feira, a construção de moradias na Cisjordânia, isto depois do fim da moratória de 10 meses que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, se negou a prolongar, apesar das pressões internacionais e do risco de retrocesso nas negociações de paz.
"Se a colonização parar continuaremos a negociar. Se não, pararemos", ameaçou Mahmud Abbas, em entrevista à rádio francesa Europe 1. O líder palestiniano aproveitou também a oportunidade para enviar uma mensagem a Netanyahu: "Deve saber que a paz é mais importante do que a colonização".
Abbas pretende que Israel prolongue a moratória sobre os colonatos na Cisjordânia durante cerca de três meses.
Pelo menos até dia 4 de Outubro as negociações de paz vão prosseguir. Nessa data, Mahmud Abbas reunirá com os países da Liga Árabe para tomar uma decisão sobre o futuro do processo, aberto por iniciativa de Washington no início do mês.
Avigdor Liberman, chanceler israelita, acusou os palestinianos de “perderem tempo” durante a moratória. No entanto, salientou a vontade em continuar as negociações: "O mais importante hoje é manter o processo político vivo, apesar das nossas disputas", completou. "Estamos prontos para continuar as conversações directas, sem pré-condições".
Por seu lado, o Hamas pretende que as negociações sejam abandonas de imediato. “As negociações patrocinadas pelos EUA permitem a Israel fazer a sua vontade e só levam a que os palestinianos continuem a renunciar às suas aspirações e ao seu território. São a fórmula perfeita para gerar mais frustração e mais desespero", garantiu um dos dirigentes do Hamas.
Estados Unidos desiludidos com retrocesso
George Mitchell, enviado americano para o Médio Oriente, salientou que os Estados Unidos estão “desiludidos” com o fim da moratória israelita, apesar de saudar a “contenção” com que Mahmud Abbas está a reagir.
"As partes deverão, de uma maneira ou de outra, encontrar a forma de continuar as negociações directas", frisou.
Os Estados Unidos estão directamente envolvidos nestas negociações, iniciadas pelo presidente Barack Obama, após meses de esforços diplomáticos intensivos.