O congressista lusodescendente Devin Nunes, que integra a equipa de transição de Donald Trump, diz que as prioridades da nova administração são o fim da reforma do sistema de saúde de Obama e uma reforma fiscal.
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"A reforma fiscal e a revogação do Obamacare, e sua substituição, são os dois grandes e prioritários temas em que pretendemos começar a trabalhar muito cedo", explica Devin Nunes à Lusa.
O desmantelamento das reformas no sistema de saúde, que permitiram estender cuidados de saúde a quase 30 milhões de americanos, é um dos temas que mais aproxima o partido republicano de Donald Trump.
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Neste momento, a Câmara dos Representantes e Senado já aprovaram uma base legislativa que permitirá começar o desmantelamento desta reforma, mas um plano de substituição ainda não foi divulgado.
Desde a eleição, no entanto, Donald Trump suavizou a sua posição, dizendo que gostava de manter algumas das provisões mais populares, como a possibilidade de os jovens serem cobertos pelo seguro dos pais até aos 26 anos.
Quanto à reforma fiscal, o partido pretende aprovar uma proposta que tem como base um plano desenhado por Devin Nunes, que inclui um modelo centrado no consumo e uma redução da taxa sobre empresas de 35% para 20%, o valor mais baixo da história do país.
"O código fiscal americano é impossível de entender, está crivado de brechas que beneficiam grupos de interesses. Prejudica o comércio, desencoraja novas empresas e encoraja ao deslocamento para outros países", diz Devin Nunes.
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Donald J. Trump, no entanto, tem um plano diferente. Quer uma descida até 15% para empresas e já disse que "não adora" as propostas do seu partido.
A ideia central de Trump é uma redução do número de escalões de IRS, de sete para três, com taxas de 12, 25 e 33%. Os republicanos do Congresso concordam com esta ideia, mas indicam diferentes limites para cada escalão.
Vários centros de investigação independentes, no entanto, chamam o plano de Trump "uma fantasia" e garantem que implicaria um aumento do défice de 5,3 triliões de dólares (cerca de 5 biliões de euros) na próxima década.
"Simplificar e rever o código fiscal, conforme está delineado no plano de reforma fiscal da Câmara dos Representantes, teria enormes benefícios e criaria um imenso crescimento económico", garante Devin Nunes.
O lusodescendente, que preside ao Comité dos Serviços de Informação, desvaloriza no entanto as diferenças entre os líderes do seu partido e o próximo Presidente dos EUA.
"Acho que os republicanos do Congresso e a equipa de Trump concordam nos objetivos principais", diz, acrescentando que as mudanças legislativas devem avançar nos primeiros 100 dias da nova administração norte-americana.
"Há algumas diferenças na forma como atingir os objetivos, o que é expectável, mas acredito que essas diferenças pode ser resolvidas de forma bastante fácil através de negociações com boa fé", conclui.
Donald J. Trump toma posse como 45.º Presidente dos EUA na sexta-feira.