A capital da Ucrânia foi esta segunda-feira de madrugada alvo de novo ataque aéreo, após um dia de Ano Novo marcado por dezenas de bombardeamentos russos.
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"Fiquem nos abrigos!", instou, na plataforma digital Telegram, o dirigente da administração militar da cidade de Kiev, Serguiï Popko, depois de anunciar que "12 alvos aéreos da capital foram destruídos a partir do ar".
O autarca de Kiev, Vitali Klitshcko, divulgou, mais tarde, que 40 drones foram dirigidos para Kiev durante a noite de domingo e madrugada desta segunda-feira, de acordo com informação das Forças de Defesa Aérea ucranianas, e todos foram destruídos.
Vitali Klitschko precisou que 22 drones foram destruídos em Kiev, três na periferia da capital e 15 nas províncias vizinhas.
Instalações de infraestrutura de energia ficaram danificadas como resultado deste ataque e de uma explosão que ocorreu numa das zonas da cidade, referiu o autarca. Um jovem de 19 anos ficou ferido por estilhaços de vidro e foi transportado para o hospital.
Na capital ucraniana houve cortes de energia e na periferia de Kiev foi atingida uma "infraestrutura crítica" e vários edifícios residenciais, disse o governador Oleksiy Kuleba.
Sete drones foram abatidos sobre a região sul de Mykolaiv, de acordo com o governador Vitali Kim, e outros três foram destruídos na região sudeste de Dnipropetrovsk, de acordo com o governador Valentyn Reznichenko.
O Comando da Força Aérea da Ucrânia informou que 39 drones Shahed de fabrico iraniano foram abatidos durante a noite de domingo, bem como dois drones Orlan de fabrico russo e um míssil X-59.
Três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nos ataques russos realizados na véspera de Ano Novo. Uma quarta vítima, um morador de Kiev de 46 anos, morreu num hospital esta manhã, disse Vitali Klitschko.
A Rússia tem realizado ataques aéreos às infraestruturas de energia e água da Ucrânia quase semanalmente desde outubro, aumentando o sofrimento dos ucranianos, enquanto as suas forças terrestres lutam para manter o terreno e avançar.
Eles não nos retirarão a nossa independência. Nós não lhes daremos nada
"Os russos estão a perder. Os drones, os mísseis e tudo o resto não os ajudarão. Porque nós estamos unidos", reagiu no domingo à noite o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"E eles não vão tirar um único ano à Ucrânia, eles não nos retirarão a nossa independência. Nós não lhes daremos nada. Responderemos a cada ataque russo [...] a todas as nossas cidades e comunidades", insistiu.
Moscovo, por sua vez, assegurou ter procedido na noite de sábado para domingo a "um ataque aéreo de precisão de longo alcance contra instalações da indústria da defesa ucraniana envolvidas no fabrico de drones de ataque utilizados para levar a cabo ataques terroristas contra a Rússia".
O Kremlin classifica com frequência como "atos terroristas" as operações militares ucranianas em território russo ou contra infraestruturas russas na Ucrânia.
"Permanente combate" em Bakhmut
O exército russo declarou ainda prosseguir a sua ofensiva na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, onde atualmente se concentra a maioria dos combates.
O Estado-Maior do Exército ucraniano sublinhou no domingo à noite, a esse propósito, que "o inimigo [...] continuava a tentar efetuar ataques no setor de Bakhmut", uma cidade daquela região que os russos tentam tomar há mais de seis meses, com um balanço de pesadas baixas de ambos os lados e um inimaginável grau de destruição.
Os soldados envolvidos nessa batalha encontram-se num estado de "incrível fadiga" física e emocional, e, nesta guerra de desgaste sem fim à vista, alguns acabam por ver-se "como carne para canhão, que apenas serve para ser enviada para a morte certa", explicou no local um jovem capelão militar ucraniano citado pela agência francesa AFP, Mark Kuptshenenko, que todos os dias vai até à frente de batalha.
Não há ou praticamente não há rotações, "eles estão em permanente combate", sob uma pressão enorme, sob ordens que por vezes já não compreendem, disse ainda.
Do lado pró-russo, as autoridades dos territórios separatistas do leste da Ucrânia relataram a morte de um civil em bombardeamentos ucranianos no domingo em Iassynuvata, na região de Donetsk.
Segundo as autoridades pró-russas, as forças ucranianas também atacaram Donetsk e a localidade vizinha, Makiïvka, logo após a meia-noite, fazendo pelo menos 15 feridos.