A flotilha que partiu com ativistas e ajuda humanitária para Gaza afirmou que mais um dos seus barcos foi atacado, na noite de terça-feira, perto da Tunísia, com a suspeita de ter sido um drone, após denunciar um incidente semelhante no dia anterior.
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Mais de mil pessoas receberam a flotilha, no domingo, no país do norte da África, um grupo de quase 20 embarcações que zarpou no início do mês de Barcelona com destino ao território palestiniano cercado. A flotilha conta com a presença da ambientalista sueca Greta Thunberg, entre outras personalidades, como os portugueses Mariana Mortágua, Miguel Duarte e Sofia Aprício e o brasileiro Thiago Ávila. O objetivo é "abrir um corredor humanitário e pôr fim ao genocídio em curso do povo palestiniano" no contexto da guerra entre Israel e Hamas, segundo os organizadores.
Na noite desta terça-feira, a Flotilha Global Sumud denunciou nas redes sociais que "outro barco foi atingido num suposto ataque com um drone". O "Alma", de bandeira britânica, foi atingido, segundo o grupo, em águas tunisianas, em frente à localidade de Sidi Bou Said, perto da capital da Tunísia.
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Num vídeo publicado pela relatora das Nações Unidas para os territórios palestinianos, Francesca Albanese, é possível ver uma bola de fogo a cair sobre um barco. "As provas de vídeo sugerem que um drone - sem luzes, para não ser visto - lançou um artefacto que provocou um incêndio no convés do barco Alma", escreveu. "Os especialistas sugerem que se tratava de uma granada incendiária envolta em materiais plásticos molhados com combustível, que poderia ter sido acesa antes de cair sobre o barco".
O barco "sofreu danos causados por um incêndio no convés superior", detalhou a flotilha, em comunicado. "O fogo já foi apagado e todos os passageiros e a tripulação estão sãos e salvos".
"Segunda noite, segundo ataque com um drone", disse à AFP Melanie Schweizer, uma das coordenadoras do grupo que deve retomar a sua viagem a Gaza esta quarta-feira.
"Estes ataques repetidos ocorrem num contexto de intensificação da agressão israelita contra os palestinianos em Gaza, em específico uma tentativa orquestrada para distrair e descarrilar a nossa missão", denunciou a flotilha em comunicado.
Os ativistas frisaram que não se deixariam intimidar. "Não há absolutamente nenhuma mudança na nossa determinação. Amanhã sairemos de todos os modos", disse o palestiniano Saif Abukeshek.
"Fazemos um apelo à mobilização e não vamos parar. Usaremos esta força para ajudar o povo palestiniano e a sua luta contra o genocídio, para romper o cerco e conseguir uma Palestina livre", acrescentou Bruno Gilga, coordenador da delegação brasileira a bordo da flotilha.
O caso aconteceu um dia depois de ativistas terem alertado para um incidente semelhante no barco "Família" na mesma região da Tunísia. Contudo, as autoridades do país norte-africano afirmaram que não havia sido detetado "nenhum drone".
A Bélgica pediu uma investigação "completa e transparente" sobre a ocorrência.
A Faixa de Gaza é cenário de uma guerra devastadora desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra território israelita em 7 de outubro de 2023. A ONU declarou, em agosto, estado de fome extrema no território territorial e anunciou que 500 mil pessoas enfrentam uma situação "catastrófica".
Os barcos da Flotilha Global Sumud ("sumud" significa "resiliência" em árabe) têm previsão de atracar em Gaza em meados de setembro para levar ajuda humanitária, após duas tentativas bloqueadas por Israel em junho e julho.