"Foi como um atentado terrorista": Começou julgamento de português que matou quatro pessoas em Madrid
O homem atropelou 13 pessoas, quatro das quais morreram, numa festa de casamento em Torrejón de Ardoz, em Madrid.
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Era 6 de novembro de 2022. Micael da Silva Montoya, português, de 36 anos na altura, tinha ido ao casamento de Sonia e Ruben, de quem era familiar afastado, com a sua mulher e os seus dois filhos menores. Depois de alguns conflitos com outros convidados, acabaram por ser expulsos da festa pelos patriarcas das famílias. O acusado, conhecido como “El Portugués”, dirigiu-se então ao seu carro, mas, em vez de abandonar o local, investiu contra as dezenas de convidados que estavam à porta do restaurante, atropelando 13 pessoas, das quais quatro morreram, uma delas um rapaz de 17 anos.
O julgamento começou esta segunda-feira e o Ministério Público pede uma pena de 226 anos de prisão por quatro crimes de homicídio (25 anos por cada um deles) e nove de tentativa de homicídio (14 anos por cada um). A defesa alega que o acusado atuou fruto de um “medo insuperável”, uma atenuante dos delitos quando se trata de evitar um mal maior, e alega que o que aconteceu é suscetível de configurar quatro delitos de homicídio imprudente.
“Ele nem sequer foi convidado para o casamento. Apareceu de forma inesperada com os seus filhos e os seus sobrinhos, começou a ter um comportamento inadequado, a incomodar várias pessoas e por isso foi expulso”, conta Juan Manuel Medina, advogado de acusação da família do menor assassinado. “Isto provocou uma discussão na rua e imediatamente depois, esta pessoa agarrou no carro e arremeteu contra a multidão. Foi como um atentado terrorista”.
Das cinco acusações particulares, quatro delas pedem pena de prisão permanente reavaliada periodicamente. Trata-se de uma pena semelhante a prisão perpétua, mas que se vai sendo reavaliada para averiguar a possibilidade de a suspender, com um período mínimo de cumprimento que pode ir dos 25 aos 35 anos.
Mas de 120 testemunhas
O julgamento vai durar até ao início de Junho e envolve o depoimento de 126 testemunhas, entre as quais estão convidados do casamento, polícias e médicos.
Dispositivo de segurança
O julgamento vai decorrer ao longo de 13 sessões com fortes medidas de segurança para evitar qualquer conflito entre as famílias das vítimas e a do acusado.