As forças pró-Kadafi, forçadas a retirar da cidade rebelde de Misrata, atacaram, esta terça-feira, o seu porto, situado 12 quilómetros a leste, provocando diversos feridos entre refugiados africanos e forçando um navio humanitário a permanecer ao largo.
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As forças fiéis ao líder líbio cortaram desde o início de Fevereiro os acessos por via terrestre a Misrata, uma grande cidade costeira situada a 200 quilómetros a leste de Trípoli. O porto permanece a única ligação com o exterior, e, segundo os rebeldes, o aeroporto está controlado pelas forças pró-Muammar Kadafi, apesar de ter sido em grande parte destruído durante os combates.
De acordo com a agência noticiosa francesa AFP, diversos morteiros atingiram hoje o porto, enquanto diversos jornalistas no local se referiam a pelo menos dez explosões.
Um navio da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que se preparava para recolher milhares de africanos que procuram abandonar a cidade cercada pelas forças do regime, foi forçado a afastar-se da costa por razões de segurança.
Khalid Abu Falra, médico do principal hospital da cidade, disse à AFP que "diversos refugiados foram feridos pelo bombardeamento", e admitiu a existência de mortos.
Aviões da NATO continuaram a sobrevoar a cidade, onde foram audíveis diversas explosões após uma acalmia de 24 horas. De acordo com testemunhos, foi efectuado pelo menos um ataque aéreo contra as posições governamentais.
"A NATO pediu ao navio da OIM para abandonar o porto", declararam fontes rebeldes, que também se referiram à aproximação de "cerca de 20 veículos" das forças fiéis ao líder de Tripoli.
Misrata foi palco nos últimos dias de violentos combates que provocaram dezenas de mortos e centenas de feridos, mas os rebeldes conseguiram expulsar os soldados pró-Kadafi do centro da cidade.
"A situação em Misrata permanece grave. Os rebeldes controlam a cidade mas permanecem cercados e são bombardeados", precisou Jalal al-Gallal, porta-voz do Conselho de Transição líbio, o órgão político de uma rebelião com epicentro em Benghazi, leste do país.
"Kadhafi não se retirou. Optou por um rápido recuo mas ainda tenta manter Misrata e não tem a intenção de deixar a cidade. Conseguimos enviar reforços e ajuda humanitária, e na nossa perspectiva [Kadafi] está a preparar-se para uma batalha perdida", assegurou ainda o dirigente da oposição.