O Exército israelita afirmou, esta terça-feira, estar envolvido em combates no corredor de passagem que liga Rafah, sul de Gaza, à fronteira do Egito.
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A passagem é conhecida desde o acordo de 2005 (Plano de Retirada da Autoridade Palestiniana) como Corredor de Filadélfia, e liga o enclave palestiniano ao território egípcio ao longo de uma faixa de 14 quilómetros.
Os militares israelitas disseram através do portal oficial do Exército que os militares "operaram durante a noite no Corredor de Filadélfia", onde, referem, atuaram contra "alvos terroristas e infra estruturas" do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).
"Estão a agir com precisão no terreno e seguindo informações que apontam para a presença de alvos terroristas na área", disseram os militares de Israel.
O Hamas tomou o controlo da passagem depois de ter assumido o controlo do enclave na sequência de combates entre palestinianos em 2007, após as eleições do ano anterior que afastaram a Autoridade Palestiniana de Gaza.
O Egito, que tem um acordo de paz com Israel desde 1979, já avisou Israel do risco de operações na zona do corredor fronteiriço.
O Exército israelita tomou o controlo do lado palestiniano de Rafah a 7 de maio, no âmbito de uma ofensiva contra a cidade lançada um dia depois de ter rejeitado uma proposta de cessar-fogo apoiada pelo Hamas, apresentada pelo Egito e pelo Qatar, que levou à suspensão das operações humanitárias através da passagem.
As tensões têm vindo a aumentar desde maio, à medida que a ofensiva israelita se intensifica, apesar dos apelos internacionais e de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça para suspender os ataques.
Na segunda-feira, um militar egípcio foi morto numa troca de tiros na zona, o que suscitou novos avisos do Governo do Cairo.
O incidente ocorreu poucas horas depois de cerca de 45 palestinianos terem sido mortos num bombardeamento israelita contra um campo de deslocados em Rafah, situado numa das "zonas seguras" designadas pelas autoridades israelitas.
Entretanto, o Exército israelita, indicou que as forças militares tinham realizado operações na segunda-feira em Jabalia, no norte de Gaza e que "alargaram as atividades" no centro do enclave.
Mais dois centros médicos fora de serviço em Gaza
As autoridades de Gaza, controlada pelo grupo Hamas, afirmaram que um hospital de campanha e um centro médico em Rafah, na fronteira com o Egito, estão "fora de serviço" devido à "bárbara incursão israelita" na cidade.
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou, num comunicado publicado na rede social Telegram, que "o hospital de campanha indonésio e a clínica de Tal al-Sultan encerraram as operações, deixando apenas o hospital maternidade de Tal al-Sultan a lutar pela sua sobrevivência e a prestar serviços aos pacientes em província de Rafah".
As autoridades de saúde de Gaza acusaram Israel de "atacar deliberadamente muitos hospitais e centros de cuidados primários" na área, o que causou "graves danos, além do martírio de vários profissionais de saúde e dificuldades para a população chegar até esses".
A ofensiva já tinha provocado a suspensão das operações em vários hospitais e centros da cidade, nomeadamente no hospital Abu Yusef al-Nayar, no centro médico Abu al-Walid, no hospital de campanha de Rafah e no hospital especializado do Kuwait.
"Reiteramos o nosso apelo a todas as instituições internacionais para que forneçam proteção a todos os hospitais, profissionais de saúde e ambulâncias diante da opressão e arrogância da ocupação israelita", sublinhou, referindo ainda a intensificação da ofensiva de Israel nos últimos dias contra a cidade.
Israel lançou a ofensiva contra Gaza na sequência dos ataques do Hamas, em 7 de outubro do ano passada e que causaram cerca de 1200 mortos e 240 raptados.
A ofensiva israelita já fez mais de 36 mil mortos palestinianos, segundo as autoridades de Gaza controladas pelo Hamas, além de 510 mortos pelas forças israelitas e em ataques de colonos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.