O presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, reuniu-se com dirigentes da oposição para negociações consideradas decisivas para encontrar uma saída para o impasse político que tem transformado partes da capital em zonas de batalha.
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Ao fim de quatro horas de negociações, um dos principais dirigentes oposicionistas, Arseni Iatseniouk, considerou que existiam "fortes probabilidades" de "colocar um fim ao banho de sangue".
A oposição classificou as negociações como a última hipótese para as autoridades de oferecerem concessões antes de os protestos se tornarem ainda mais agressivos, ao fim de cinco dias de confrontos.
Os tumultos, que ocorrem depois de dois meses de protestos contra a decisão de Yanukovych de não assinar um acordo de integração com a União Europeia, sob pressão da Federação Russa, causaram cenas apocalípticas na capital ucraniana.
Yanukovych convocou uma sessão extraordinária do parlamento para aliviar a crise, que já causou a morte a tiro a quatro manifestantes e a um quinto por uma queda, segundo os ativistas.
O presidente do parlamento, Volodymyr Rybak, disse, em comunicado, que os parlamentares iam discutir as exigências da oposição de demissão do governo e anulação de uma controversa lei que reprime protestos numa sessão marcada para terça-feira.
Mas não mencionou a organização de eleições presidenciais antecipadas, que é uma das principais exigências da oposição.
Yatsenyuk, o líder nacionalista Oleg Tyagnybok e o campeão mundial de boxe e líder do partido UDAR (Soco), Vitali Klitschko, iniciaram as muitas vezes adiadas negociações com Yanukovych ao fim da tarde, que se prolongaram por quatro horas.
"Tínhamos por objetivo acabar com o banho de sangue e as probabilidades são muito fortes", declarou Iatseniouk aos jornalistas, no final da reunião, ladeado pelos outros líderes oposicionistas.
Klitschko já tinha intermediado uma trégua na violência entre manifestantes e polícia enquanto durassem as negociações.
Os contestatários tinham marcado a sua fronteira com um semicírculo de pneus a arder, mas permitiram, nos termos da trégua, que a polícia apagasse os fogos com os canhões de água.
Os dois lados estão nas suas posições, próximas do estádio do conhecido clube de futebol Dynamo de Kiev.
O Ministério do Interior ucraniano informou que 254 membros da polícia de choque foram feridos, dos quais 104 tiveram de ser hospitalizados.
Nos cinco dias de confrontos foram detidos 73 manifestantes, dos quais 21 foram mantidos em prisão preventiva.
A tensão também está a subir fora da capital, designadamente na região ocidental de Lviv, onde o governador Oleg Salo assinou hoje a sua demissão, depois de manifestantes terem invadido o seu gabinete a gritar "revolução".
Mas mais tarde disse que a demissão era inválida, por ter sido feita sobre pressão.