A polícia espanhola está a investigar a criação e divulgação de imagens de menores nuas, geradas a partir de um software de Inteligência Artifical, que estão a provocar apreensão na localidade de Almendralejo, na comunidade autónoma da Extremadura. Vários suspeitos menores já terão sido identificados.
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O grupo de WhatsApp onde as mães se juntaram para se apoiarem e acertarem uma posição concertada tem vindo a crescer de dia para dia, conta o jornal "El País", que conta o sobressalto em que vive a pequena localidade de Almendralejo, casa de 30 mil pessoas.
Há fotografias falsas, a circular de telemóvel em telemóvel, de adolescentes nuas. Isabel, de 14 anos, é uma das vítimas. Estava no recreio da escola quando um colega se aproximou e lhe disse que tinha visto uma foto sua despida. Assim que chegou a casa, a rapariga contou à mãe o sucedido. " Tenho medo, há outras meninas que também receberam a fotografia".
Foi a mãe de Isabel, Sara C., 44 anos, quem criou o grupo para que as mães das vítimas se coordenassem. Fez queixa na Polícia na sexta-feira e quando chegou à esquadra, viu sair uma outra mãe a sair do local cuja filha também fora alvo da montagem. Tratava-se de Fátima, conta o jornal, que tivera um ataque de ansiedade ao descobrir que a filha tinha sido vítima deste crime.
A mulher relatou que a filha tinha tido uma conversa no Instagram com um rapaz que lhe pedira dinheiro. Perante a recusa, o rapaz, que a Polícia acredita tratar-se de um perfil falso, mandou-lhe de imediato a foto dela nua, gerada por um programa de Inteligência Artificial.
Uma das últimas mães a chegar ao grupo foi Al Adib, que utilizou as redes sociais para expor "a barbaridade" que também afetou a sua filha, de 14 anos. " Se não conhecesse o corpo da minha filha, diria que a foto é verdadeira", afirmou ao "El País".
"Meninas, não tenham medo de denunciar tais atos, contem às vossas mães", disse numa mensagem em que classificou o caso como um ato muito grave, que causou um "grandes danos às vítimas" e apelou aos autores para que despubliquem as imagens de todas as plataformas onde as colocaram.
Polícia identificou menores pelos crimes
A polícia identificou vários menores pela criação e partilha das imagens, tendo recolhido sete depoimentos de sete possíveis vítimas, informou Francisco Mendoza, responsável do Governo regional.
"Houve uma denúncia, foram recolhidos sete depoimentos de sete possíveis vítimas e, como resultado da investigação, foram identificados alguns dos menores que poderiam estar envolvidos", afirmou, em Cáceres, por ocasião da abertura do ano judicial, infotma a Europa Press.
O caso foi entregue ao Ministério Público de Menores. "Logo que se conhece a identidade dos menores, estes são levados ao conhecimento do Ministério Público de Menores para que este decida o que é adequado", salientou Francisco Mendoza, que pediu aos meios de comunicação social que tratem o assunto com "uma certa discrição" porque "todas as pessoas envolvidas no caso, tanto as vítimas como os possíveis autores, são menores".