O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, defendeu, esta quarta-feira, no Parlamento francês, a necessidade de uma intervenção militar internacional na Síria e sugeriu o afastamento do poder do Presidente Bashar al-Assad "no quadro de uma resolução política do conflito".
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Dois anos e meio após o início do conflito na Síria, que segundo uma ONG já provocou mais de 110 mil mortos, os Estados Unidos e a França procuram formar uma coligação para um intervenção militar contra Damasco, após acusarem o regime sírio de um presumível ataque com armas químicas que provocou centenas de mortos nos arredores de Damasco em 21 de agosto.
Ayrault definiu este ataque, que Damasco atribui a forças rebeldes, como "a mais maciça e aterradora utilização de armas químicas neste início de século", durante uma intervenção num debate sem votação no Parlamento e no Senado.
"Não reagir seria colocar em perigo a paz e a segurança de toda a região", sustentou o primeiro-ministro francês, afirmando que Paris "garante o apoio" dos europeus e da Liga Árabe em caso de intervenção armada.
"Sim, a solução da crise síria será política e não militar. Mas encaremos de frente a situação: caso não contenhamos essas ações do regime, não haverá solução política", insistiu no seu discurso, lido em paralelo no Senado pelo chefe da diplomacia, Laurent Fabius.
"É preciso demonstrar a Al-Assad que não existem outras soluções para além da negociação", sublinhou, quando a classe política permanece dividida sobre uma ação armada e a opinião pública se opõe na sua maioria a uma intervenção.
Apesar do recuo britânico em integrar uma coligação internacional, o executivo francês tem reafirmado o desejo de participar numa ação militar "punitiva" contra a Síria. No entanto, também sublinhou que Paris não se envolverá sozinho num ataque, numa referência ao debate que prossegue nos Estados Unidos, e optaria por uma ajuda acrescida à oposição síria.
A União para um Movimento Popular (UMP, principal partido da oposição, de direita) reafirmou hoje que exigirá um voto no Parlamento em caso de intervenção fora do âmbito da ONU. A Constituição francesa apenas prevê uma consulta ao Parlamento caso as operações militares no exterior se prolonguem para além de quatro meses.
O Partido Socialista, no poder, defende a abordagem do Presidente François Hollande apesar de algumas divergências internas, e é apoiado pelos ecologistas, que integram a coligação governamental.
A extrema-direita e a esquerda radical são contra a intervenção, enquanto os centristas permanecem céticos.