As autoridades francesas pediram maior vigilância aos seus cidadãos que vivem nos países muçulmanos em que ocorrem campanhas de boicote a produtos franceses e manifestações contra a França devido à polémica sobre as caricaturas do profeta Maomé.
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Por esse motivo, entre segunda e terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês atualizou os alertas para a Tanzânia, Bahrein, Kuwait, Turquia, Indonésia, Bangladesh e Mauritânia.
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O ministério explicou que nos últimos dias houve apelos ao boicote a produtos franceses, em particular aos agroalimentares e, de forma mais geral, manifestações contra a França em alguns países de maioria muçulmana.
Neste contexto, indica que "é conveniente evitar as zonas onde se realizam estas manifestações, ficar fora de qualquer concentração e seguir as instruções da embaixada francesa ou do consulado competente".
Além disso, recomenda "a maior vigilância" principalmente nas viagens e nos locais com turistas e estrangeiros.
Os Governos de vários países denunciaram a posição francesa sobre as caricaturas de Maomé e o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi mais longe com ataques diretos contra o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, realizando ainda um apelo explícito ao boicote.
Macron tornou-se alvo de manifestações em vários países muçulmanos depois de prometer que a França continuaria a defender a produção de caricaturas, durante uma homenagem nacional ao professor Samuel Paty, na quarta-feira passada.
Samuel Paty foi decapitado por um refugiado de origem russa e chechena de 18 anos nos arredores de Paris, em 16 de outubro, porque mostrou caricaturas de Maomé aos seus alunos numa aula sobre liberdade de expressão.
Esta terça-feira, dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se em Daca, no Bangladesh pelo boicote aos produtos franceses e queimaram efígie do presidente francês, acusando-o de "adorar a Satanás".
Na segunda-feira, as autoridades paquistanesas convocaram o embaixador de França em Islamabad, Marc Baréty, e hoje o Irão convocou o segundo maior responsável da embaixada francesa em Teerão para protestar contra "a insistência" de Paris em apoiar as caricaturas do profeta Maomé.
A Presidência francesa considerou, na sexta-feira, "inaceitáveis" as declarações do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que questionou "a saúde mental" do seu homólogo francês, Emmanuel Macron, devido à atitude deste em relação aos muçulmanos.