França vai devolver mítico tambor-falante à Costa do Marfim, mais de 100 anos depois
O parlamento francês autorizou a devolução à Costa do Marfim do tambor-falante Djidji Ayôkwé, um instrumento sagrado usado para transmitir mensagens rituais, apreendido em 1916 e que era reclamado pelo país africano há seis anos.
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De acordo com a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), os deputados franceses aprovaram hoje por unanimidade uma lei que permite a restituição deste símbolo sagrado, através da sua "desclassificação", o que torna possível a restituição ao país de origem, a Costa do Marfim, ainda este ano.
A lei aprovada pelos deputados revoga o princípio da inalienabilidade das coleções públicas, e contribui para "reparar uma extorsão", na expressão do deputado Bertrand Sorre, relator do texto legal.
Medindo três metros de comprimento e pesando 430 quilogramas, este instrumento sagrado era usado para transmitir mensagens rituais e alertar os aldeões, por exemplo, durante operações de recrutamento forçado ou alistamento militar.
Foi apreendido em 1916 pelas autoridades coloniais francesas junto da etnia ébrié, depois foi enviado para França em 1929, exposto no Museu de Trocadero e também no Museu Quai Branly, tendo sido restaurado em 2022.
Segundo a AFP, no final da votação do texto, muitos deputados apelaram para que se debatesse rapidamente uma lei-quadro sobre o tema das reparações e restituições de símbolos e obras de arte que foram apreendidos pelas potências colonizadoras em África, com o objetivo de acelerar os processos de restituição das obras roubadas durante a época da colonização.