Funcionários da embaixada israelita mortos a tiro em Washington estavam prestes a ficar noivos
Apoiantes da paz diplomática no Médio Oriente, Yaron Lischinsky e Sarah Milgrin tinham toda a vida pela frente. O casal de funcionários na embaixada de Israel em Washington foi morto, na quarta-feira, à saída de um evento sobre a resolução de crises humanitárias. O atacante, Elias Rodriguez, de 30 anos, foi detido.
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As vítimas do ataque a tiro, na noite de quarta-feira, em Washington, EUA, foram identificadas como Yaron Lischinsky e Sarah Milgram, funcionários da embaixada de Israel, assassinados ao sair do evento Receção de Jovens Diplomatas do Comité Judaico Americano, no Museu Judaico da capital. O evento anual atrai jovens judeus da comunidade diplomática e a edição deste ano tinha como tema “Transformar a dor em propósito”, centrando-se na resolução de crises humanitárias no Médio Oriente.
Yaron e Sarah, que estavam numa relação, encontravam-se no auge das suas vidas pessoais e profissionais, segundo a embaixada israelita. Ambos eram funcionários diplomáticos e participavam ativamente em eventos ligados à comunidade judaica nos EUA.
Era assistente de investigação no departamento político da Embaixada de Israel em Washington e era um "fervoroso crente na visão delineada nos Acordos de Abraão", que acreditava "que alargar o círculo de paz com os nossos vizinhos árabes e procurar a cooperação regional é do melhor interesse do Estado de Israel e do Médio Oriente como um todo". Trabalhava em assuntos do Médio Oriente e do Norte de África na embaixada israelita em Washington desde setembro de 2022 e já tinha trabalhado para a Autoridade de População e Imigração de Israel.
Já Sarah, que era norte-americana e cuja idade não foi divulgada, licenciou-se em estudos ambientais pela Universidade do Kansas em 2021 e obteve um mestrado em relações internacionais pela American University e outro em recursos nacionais e desenvolvimento sustentável pela Universidade para a Paz das Nações Unidas. A jovem cresceu nos subúrbios de Kansas City e, quando era adolescente, um supremacista branco baleou e matou três pessoas em instituições judaicas da cidade. No último ano do ensino secundário, manifestou-se ativamente após terem sido pintadas suásticas na escola. “Preocupo-me em ir à minha sinagoga e agora tenho de me preocupar com a segurança na minha escola e isso não deveria ser um problema”, disse, à época, a uma estação de notícias local.
Sarah trabalhou na Tech2Peace, uma organização não governamental que oferece formação tecnológica a jovens israelitas e palestinianos antes de começar a trabalhar na embaixada israelita em novembro de 2023. Atualmente, era funcionária do departamento de diplomacia pública, segundo o seu perfil profissional no LinkedIn. A jovem definia-se como uma trabalhadora "motivada a contribuir com organizações dedicadas a construir pontes, promover a harmonia religiosa e avançar práticas sustentáveis".
Com base nas suas redes sociais, ambos eram defensores empenhados da redução das tensões no conflito do Médio Oriente e apoiantes de um processo de paz diplomático entre Israel e a Palestina. Sarah tinha também experiência em “facilitar discussões perspicazes sobre geopolítica em Israel e na Palestina” e “investigação abrangente sobre a teoria da construção da paz, enfatizando as iniciativas de base na região israelo-palestiniana”.
Segundo o embaixador de Israel nos EUA, citado pelo jornal "The Jewish Chronicle", Yaron tinha comprado um anel de noivado poucos dias antes e pretendia pedir Sarah em casamento em Jerusalém na próxima semana.