O fundador da aplicação Telegram, Pavel Durov, revelou, na quinta-feira, que deixará a sua fortuna, avaliada em 17,1 mil milhões de dólares (cerca de 14 mil milhões de euros), aos seus mais de 100 filhos biológicos.
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Em entrevista à revista francesa "Le Point", publicada ontem e citada pela BBC, o empresário russo de 40 anos disse ser "pai oficial" de seis crianças, fruto de relações com três parceiras, mas revelou que uma clínica onde começou a doar esperma há 15 anos o informou de que, desde então, mais de 100 bebés com o seu material genético foram concebidos em 12 países.
“São todos meus filhos e terão todos os mesmos direitos. Não quero que eles se separem depois da minha morte”, disse Pavel, que recentemente elaborou um testamento. “Defender liberdades atrai muitos inimigos, inclusive em Estados poderosos", justificou, falando sobre os riscos do seu trabalho.
O magnata adiantou, no entanto, que nenhum dos filhos terá acesso à fortuna até fazer 30 anos. "Quero que vivam como pessoas normais, que construam as suas vidas sozinhos, que aprendam a confiar em si próprios, que sejam capazes de criar e de não dependerem de uma conta bancária", defendeu.
De acordo com a lista das pessoas mais ricas do mundo em 2025 elaborada pela revista "Forbes", o fundador do Telegram - uma aplicação de mensagens encriptadas conhecida pelo foco na privacidade - tem a 133.ª maior fortuna, avaliada em cerca de 17,1 mil milhões de dólares (14 mil milhões de euros).
Detido no ano passado em França
Figura sóbria do universo tecnológico em comparação com outros empresários do meio à escala internacional, o magnata abordou também, em declarações à mesma publicação, as acusações criminais que enfrenta em França, onde foi detido no ano passado, por permitir conteúdo ilegal na sua plataforma, estando em causa crimes como "cyberbullying", fraude, tráfico de droga, crime organizado e promoção do terrorismo na sua plataforma. Pavel Durov descreveu as acusações, que resultaram num mandado de captura emitido pelas autoridades do país, como "totalmente absurdas" e rejeitou não ter cooperado com a Polícia francesa, que continua atualmente a investigar formalmente o empresário.
Apesar de a investigação prosseguir, o fundador do Telegram foi autorizado, em março, a deixar o território francês pela primeira vez desde a sua detenção e a viajar para o Dubai, onde a sua empresa está sediada e onde mora a família. E, de acordo com uma fonte judicial, citada pela AFP, a Justiça francesa permitiu, na quinta-feira, que o empresário se ausente do país por um máximo de 14 dias consecutivos, estando obrigado a informar o juiz de instrução com uma semana de antecedência.
Deixou a Rússia em 2014
Durov estreou-se aos 22 anos no mundo empresarial das redes sociais, com o lançamento da VKontakte (VK), uma plataforma destinada a utilizadores de língua russa e que, de acordo com a AFP, era na altura mais popular do que o Facebook no país. Foi por causa dela que deixou a Rússia em 2014: o então jovem recusou-se a aceitar as exigências do Governo para encerrar os grupos da oposição na VKontakte e entregar dados pessoais aos serviços de segurança russos. Esta exigência incluía o bloqueio da conta do falecido líder da oposição russa Alexei Navalny.