Um fundo para ajudar a família do polícia que desencadeou uma onda de distúrbios em França após matar um jovem com um tiro à queima-roupa arrecadou, esta segunda-feira, mais de um milhão de euros.
Corpo do artigo
O fundo soma mais de 50 mil doações, totalizando um milhão de euros.
"Apoio à família do polícia de Nanterre, Florian M., que fez o seu trabalho e está a pagar um preço alto", diz o texto da angariação de fundos, criada por Jean Messiha, ex-porta-voz do político de extrema direita Éric Zemmour.
O agente da polícia que matou Nahel M., de 17 anos, na última terça-feira, está preso preventivamente, acusado de homicídio qualificado. A morte do adolescente provocou protestos desde então.
O facto de a arrecadação de fundos ter sido organizada por "uma pessoa próxima da extrema-direita [...] não ajuda" no "apaziguamento", avaliou esta noite a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, que acrescentou que, caso seja necessário, caberá à Justiça pronunciar-se sobre a legalidade deste fundo.
A criação e o sucesso do fundo gerou indignação da oposição de esquerda. No Twitter, a deputada Clémence Guetté denunciou "uma absoluta indecência e horror".
"A mensagem? Vale a pena matar um jovem árabe", condenou a eurodeputada de esquerda francesa Manon Aubry, que pediu a supressão do fundo no site Gofundme.
Um porta-voz do site disse à AFP que a arrecadação estava "de acordo" com as regras, já que os valores "serão pagos diretamente à família em questão", listada como "beneficiária".
No site Leetchi, outro fundo de apoio à família do polícia arrecadou quase 60 mil euros, enquanto outro fundo de apoio à família de Nahel arrecadou quase 200 mil euros.