Fundou grupo que ajudava polícia israelita e é agora suspeito de agressão sexual de adultos e crianças
Os judeus ultraortodoxos em Israel foram abalados pela divulgação pelo tribunal do nome de um suspeito de crimes sexuais, numa cidade onde fundou uma organização que ajuda a polícia a localizar criminosos.
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Segundo relata, esta sexta-feira, a agência France Presse (AFP), o tribunal de Telavive prorrogou na quinta-feira a prisão preventiva de Haim Rotter, figura proeminente da comunidade ultraortodoxa, por seis dias, uma semana depois de ter autorizado a divulgação do seu nome.
Detido no início de julho, Rotter, de 36 anos, é suspeito de agressão sexual a homens e mulheres, menores e adultos, na cidade de Bnei Brak, onde fundou uma organização de voluntariado que ajuda a polícia a localizar criminosos.
"De acordo com a investigação, é suspeito de ter cometido agressões sexuais contra jovens menores e mulheres ao longo de um período de pelo menos dez anos", revelou a polícia em comunicado.
Numa comunidade ultraortodoxa muito fechada e relutante em testemunhar perante as autoridades, Rotter, apelidado de "xerife de Bnei Brak" pelos meios de comunicação social, fundou a organização "Os Guardiões" há 15 anos.
A organização ajudou a população a proteger-se de roubos, mas também a denunciar pedófilos, como testemunhou em entrevista à estação pública Kan.
Pelo menos seis pessoas, segundo os meios de comunicação social locais, apresentaram queixas contra o líder desta cidade perto de Telavive, cuja população é predominantemente ultraortodoxa.
Um tribunal rabínico presidido por Shmuel Eliyahu, da cidade de Safed, convocou as vítimas a testemunhar hoje.
"É uma obrigação religiosa testemunhar. Não há vergonha nisso", escreveu o rabino numa carta divulgada pelo seu gabinete, alertando que “estes crimes são tão graves como o assassínio aos olhos da Torá”.
Em 2021, Haim Walder, um autor ultraortodoxo de sucesso, suicidou-se depois de o jornal "Haaretz" ter divulgado o seu envolvimento, que negou, em crimes sexuais contra cerca de 20 pessoas, incluindo crianças. Outra figura proeminente na comunidade ultraortodoxa, Yehuda Meshi-Zahav, morreu depois de ter passado um ano em coma, após uma tentativa de suicídio. Era suspeito de centenas de agressões sexuais contra adultos e menores, mas tentou suicidar-se antes de ser interrogado pela polícia.