Programa de apoios de 568 mil milhões de euros até 2027. Guerra na Ucrânia assumida como teste à unidade perante os desafios das novas ordens internacionais.
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As sanções à Rússia, a reconstrução da Ucrânia, a segurança alimentar, ameaçada pelo bloqueio dos cereais e um teste à coesão dos sete países mais ricos e industrializados, reunidos desde ontem em Elmau, na Alemanha.
Na cimeira de três dias (até amanhã), o G7 e, por maioria de razão, também o Ocidente tentam reposicionar-se para o exercício da influência mundial, desafiada pelas novas ordens internacionais, das ambições militares russas à hegemonia económica chinesa.
Daí que, logo no primeiro dia da reunião nos Alpes da Baviera, os líderes dos sete parceiros tenham anunciado o lançamento de um grande programa de apoios, de 600 mil milhões de dólares (568 mil milhões de euros), até 2027, para "investimentos globais em infra-estruturas", como declarou a Casa Branca e confirmou o presidente norte-americano, Joe Biden.
O anfitrião, Olaf Scholz, já tinha pedido, na semana passada, um novo Plano Marshall, agora para a Ucrânia, como o da Europa no pós-guerra. O chanceler alemão justificou que a reconstrução do país de Volodymyr Zelensky custará milhares de milhões de euros e que durará "várias gerações".
Desta vez, na abertura da cimeira, Scholz deu também voz à "preocupação compartilhada" pelo G7 face à "situação económica" global, sobretudo por causa da subida da inflação e da crise energética, por efeitos da guerra na Ucrânia.
"Partilhamos desta preocupação", disse Scholz, após a primeira sessão dos líderes do G7. O chanceler sublinhou "a mensagem necessária de coesão" face à situação criada pela "brutal agressão" à Ucrânia e explicou que o grupo dos mais ricos (Alemanha, Estados Unidos, Itália, França, Japão, Canadá e Reino Unido) pretende desenvolver uma ação conjunta e coordenada em relação aos mercados de energia.
"Todos os estados do G7 estão preocupados com a crise que temos que enfrentar agora. Em alguns países, as taxas de crescimento estão a cair, a inflação está a subir, o combustível é escasso, as cadeias de distribuição estão bloqueadas. Não são todos pequenos desafios, os que estamos a enfrentar e, portanto, temos que agir juntos e assumir as nossas responsabilidades", concluiu Scholz.
Entre os reiterados apelos à união dos sete, mais um, o de Joe Biden: o presidente dos Estados Unidos exortou o G7 e a NATO a "permanecerem juntos" contra a agressão russa à Ucrânia. Biden concluiu: "Ele [o presidente russo, Vladimir Putin] esperava que, de uma forma ou de outra, a NATO e o G7 se separassem. Mas não o fizemos, nem o faremos".