Uma operação policial e judicial com o nome de código "Pokemón" desarticulou uma extensa rede de corrupção que envolve dezenas de empresas e políticos na região espanhola da Galiza e que tem já mais de uma centena de arguidos.
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Dados da investigação foram conhecidos agora, depois de ser levantado parcialmente o segredo de justiça do processo que revela uma extensa rede de corrupção que envolvia presidentes de câmara, vereadores, funcionários públicos e dirigentes políticos.
O jornal "El Pais" destaca, esta terça-feira, parte do extenso processo que envolve políticos dos principais partidos galegos, o PP, PSOE e BNG e ainda vereadores de outras forças políticas.
Autarcas supostamente subornados por uma empresa de contratação pública, funcionários públicos pagos para facilitar concursos, partidos políticos que serviam como agência de colocação e financiamento ilegal em períodos eleitorais são alguns dos casos apontados.
A investigação comprovou a existência de faturas falsas e inflacionadas e concursos públicos adulterados e até ditados à administração local, documentando extensas listas de presentes, entre relógios de ouro, roupa de marca e vinhos de luxo.
O segredo de justiça sobre parte de 26 volumes do processo, nas mãos do juiz Pilar de Lara, de Lugo, foi levantado esta semana, descrevendo um "panorama de corrupção que salpica igualmente os dois grandes partidos de Espanha", PP e PSOE, além do BNG e da CiU.
Entre os arguidos, há três presidente de câmara e cinco ex-presidentes de câmara, seis dos quais galegos, um asturiano e outro catalão.
No coração da rede - segundo documentação, testemunhos e gravações -, está o Vendex, um grupo de empresas que se dedicava à "caça e captura" de concessões públicas.
Com a sede da matriz em Madrid, a Vendex operava fundamentalmente na Galiza, em áreas tão diversas como serviços de gruas municipais, limpeza, apoio a domicilio para idosos e dependentes, instalações desportivas, museus, teatros, jardins públicos e manutenção de edifícios.
Entre os arguidos, estão o presidente da Vendex, Gervasion Rolando Rodríguez Acosta, o alcaide de Lugo, Xosé Clemente López Orozco (PSOE), o ex-alcaide de Ourense, Francisco Rodríguez (PSOE), o anterior e atual presidente da câmara de Santiago de Compostela, ambos do PP, Gerardo Conde Roa e Ángel Currás e o ex-presidente da Confederação Hidrográfica Miño-Sil Francisco Félix Fernández Liñares.
Os documentos referem-se ao envio de dinheiro não declarado, em envelopes que a Vendex canalizava para os arguidos através da Seur e que os envolvidos chamavam de "imprensa desportiva", porque o dinheiro estava envolto em papel de jornais desportivos.