Gibraltar demonstrou interesse em tornar-se no primeiro centro de criptomoedas do mundo. A nova forma de transacionar dinheiro, digitalmente, tem captado a atenção das potências económicas mundiais.
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Recentemente, o território britânico de Gibraltar foi um dos muitos países a criar legislações para atrair empresas e projetos de criptomoedas. A bolsa de valores do país prepara-se para adquirir o maior centro de criptomoedas do mundo, passando a negociar lado a lado valores financeiros tradicionais e é esta nova forma de dinheiro que ainda faz tremer os responsáveis pelas grandes economias globais.
Transitar de um paraíso fiscal para o paraíso das criptomoedas é o principal intuito de Gibraltar, que durante muitos anos viu a sua identidade ser associada aos crimes de fraude fiscal e aos efeitos negativos resultantes da política tributária que permitia, por exemplo, pagar um imposto sobre as sociedades apenas baseado nos cálculos dos lucros obtidos ou declarar residência em Gibraltar, mesmo que a residência principal fosse em Espanha.
Ao "The Guardian" Albert Isola, ministro do digital, serviços financeiros e serviços públicos de Gibraltar afirmou que já foram aprovadas 14 criptomoedas e que foram acolhidas empresas de blockchain no país. Em cima da mesa está ainda a proposta da Valereum para conseguir rentabilizar um setor de criptomoeda avaliado em mais de 3,1 mil milhões de euros. A Valereum está sedeada em Gibraltar e oferece soluções e tecnologias para associar as principais moedas tradicionais, como a libra ou o dólar, a bens digitais.
Mas afinal o que são Bitcoins?
O Bitcoin é uma moeda digital criada com um intuito descentralizador. Ou seja, permite as trocas comerciais livres entre duas entidades, de forma direta, sem que para isso seja necessário existir um banco central que regula aquilo que conhecemos, hoje, como dinheiro em papel.
Falar de dinheiro digital é abordar uma indústria que assumiu uma posição de destaque nestes últimos anos. Assim sendo, a competição entre investidores e grandes empresas faz parte de uma maratona mais ampla, que envolve interesses económicos governamentais. E por esse motivo, Gibraltar contrariou as tendências apresentadas pela China e pelos Estados Unidos da América, que demonstraram algum ceticismo em acolher empresas que já adotaram as criptomoedas. Segundo uma reportagem publicada no jornal americano "The New York Times", as autoridades chinesas baniram as trocas comerciais com as criptomoedas, depois de uma das maiores bolsas regulamentadas ter sido hackeada.
Na tentativa de solidificar o setor financeiro da região, Gibraltar comprometeu-se a regular formalmente as criptomoedas. O governo afirmou que esta é uma forma de "erradicar os malfeitores e fornecer garantias aos investidores", uma estratégia que pretende fortalecer a imagem do país, depois de mais de 20 anos de reputação associados a paraísos fiscais. Ora, do ponto de vista da empregabilidade e da receita fiscal seria muito vantajoso para Gibraltar tornar-se num centro de criptografia, no entanto, assumir esta posição pode acarretar riscos irreversíveis.
Ainda não conhece o conceito de criptografia?
A criptografia é uma ferramenta de segurança que "mistura" informações para garantir a confidencialidade dos dados do utilizador. Apenas aqueles que conhecem o método para segmentar essa informação conseguem ter acesso aos conteúdos desses dados.
Os especialistas têm vindo a alertar para a possibilidade de incumprimento das medidas previstas nos regulamentos decretados por Gibraltar para formalizar o negócio das criptomoedas. Nesse caso, o país corre o risco de ver manchada a sua reputação e de sofrer sanções diplomáticas de potências como os EUA, que colocariam em risco a economia da região.
Alguns dos maiores ativos financeiros mundiais, como por exemplo, o Banco de Inglaterra, já manifestaram alguma preocupação sobre o rápido crescimento dos ativos criptográficos, uma vez que consideram esta uma porta de entrada para que os fundos do crime se infiltrem no sistema financeiro convencional. As burlas nesta indústria têm sido cada vez mais recorrentes e a tecnologia utilizada é a mesma do que a introduzida pelo Bitcoin, conhecida como blockchain.
Sobre o Blockchain
Este serviço foi construído para possibilitar o envio de dinheiro sem a aprovação de agências governamentais ou instituições financeiras já existentes.
Alguns céticos levantam questões como o facilitismo no que toca às lavagens de dinheiro, ao anonimato dos criminosos, ao financiamento de grupos terroristas e à integridade do próprio mercado.
E a dúvida permanece: será a economia das criptomoedas tão vantajosa para quem a utiliza quanto para quem retira lucro?