A Top Glove, uma das maiores empresas internacionais de produção de luvas de látex, vai fechar mais de metade das suas fábricas na Malásia após cerca de 2500 funcionários testarem positivo à covid-19.
Corpo do artigo
Apesar de ainda não haver uma data definida, a empresa anuncia que no total serão encerradas 28 fábricas das 41, em diferentes fases, enquanto tenta controlar o surto, revelam as autoridades de saúde à BBC News.
Na segunda-feira, o ministro da saúde da Malásia revelou a existência de um aumento acentuado de casos de infeção pelo novo coronavírus, nas zonas das fábricas e dormitórios da Top Glove. Até ao momento, foram testados 5800 trabalhadores, dos quais cerca de 2500 obtiveram resultado positivo.
13068076
"Todos aqueles que testaram positivo foram hospitalizados e os seus contactos próximos foram colocados em quarentena para evitar que infetem outros trabalhadores", afirmou Noor Hisham Abdullah, Director-Geral da Saúde, à agência Reuters, cita a BBC News.
Desde do início da pandemia que o uso de equipamentos de proteção pessoal tem aumentado na empresa, no entanto surgem algumas preocupações relativamente às condições de trabalho dos funcionários. A maioria são migrantes vindos do Nepal e vivem em complexos de dormitórios partilhados. Os EUA, em julho, proibiram a importação de luvas de duas das filiais da empresa devido a preocupações sobre o trabalho forçado. Em setembro, alguns trabalhadores migrantes contaram ao jornal "Los Angeles Times" sobre as dificuldades das condições de trabalho nas fábricas, revelando que chegam a trabalhar 72 horas por semana e que recebem remunerações muito baixas.
13068590
A Top Glove tem estado no centro das atenções mundiais pelas suas práticas laborais, mas também por ter atingido o recorde de lucros este ano. Desde o anúncio do encerramento das várias fábricas, as ações já desceram 7,5%.
As empresas da Malásia que dependem dos funcionários migrantes têm "falhado ao reconhecer as condições básicas de trabalho dos seus trabalhadores. Estes estão vulneráveis porque vivem e trabalham numa área condicionada partilhada e pelo seu trabalho não permitir a prática da distância social", assegura Glorene Das, diretora executiva da Tenaganita, uma ONG que se foca nos direitos laborais.