O governador do Estado norte-americano do Missouri, Jay Nixon, anunciou ter mobilizado a Guarda Nacional para fazer frente aos distúrbios em Ferguson, palco de protestos devido à morte de um jovem, abatido a tiro por um agente da polícia.
Corpo do artigo
A ordem executiva assinada pelo governador, e publicada no seu portal oficial, indica que a medida visa restabelecer a paz e a ordem, bem como proteger os cidadãos da localidade de Ferguson.
O governador assegura que os protestos pacíficos foram afetados por atos de violência perpetrados por um número crescente de indivíduos, muitos dos quais sem relação com Ferguson ou com o Estado norte-americano no Missouri.
"Condenamos estas atividades criminais, incluindo os tiroteios contra as forças de segurança e civis, assim como o lançamento de 'cocktails' Molotov, os saques e as tentativas de bloqueio de estradas e assaltos a postos de comando unificado", refere o mesmo comunicado oficial.
Jay Nixon defende que estes atos não contribuem para a causa da família nem para a memória de Michael Brown, alvejado no passado dia 9 por um agente da polícia, o que desencadeou uma onda de distúrbios num caso aparente de violência policial racial.
A resposta policial aos protestos - com um destacamento de meios quase militares - inflamou ainda mais os manifestantes, a ponto de, no sábado, ter sido decretado o recolher obrigatório na localidade, onde este domingo foram detidas sete pessoas e uma hospitalizada em estado crítico.
Na segunda noite de recolher obrigatório voltaram a registar-se distúrbios. A polícia recorreu ao uso de gás lacrimogéneo para dispersar um protesto, alegando que o fez depois de ter sido atingida com 'cocktails' Molotov e na sequência de saques.
Em conferência de imprensa realizada esta madrugada, cerca da 01.00 horas (07.00 horas em Portugal continental), o responsável pela segurança na cidade de Ferguson, o capitão Ronald Johnson, justificou a ação policial com a necessidade de dispersar uma multidão pouco antes da entrada em vigor do recolher obrigatório.
Ronald Johnson indicou que pelo menos duas pessoas ficaram feridas por disparos entre os manifestantes, mas não adiantou o número de detidos.
"Foram lançados 'cocktails' Molotov. Houve disparos, saques, vandalismo e outros atos de violência que claramente não pareciam espontâneos, mas atos criminosos premeditados pensados para danificar propriedades, ferir pessoas e provocar uma resposta", acrescentou, descrevendo o sucedido como "desobediência" e um ataque previamente planeado.
A polícia interveio quando um civil foi baleado, ao que se seguiram outros disparos, havendo a informação de que oito pessoas transportavam armas de fogo.
Centenas de manifestantes também marcharam rumo ao posto de comando da polícia, com alguns a lançarem "múltiplos" 'cocktails' Molotov e garrafas contra a polícia.
"Com base nestas condições, eu não tinha alternativa a não ser aumentar o nível da nossa resposta", disse o responsável pela segurança de Ferguson, citado pela AFP.
Fortemente armada, a polícia antimotim respondeu com gás lacrimogéneo, avançando em direção à multidão com viaturas blindadas.
A cidade tem sido palco de uma onda de violência desde que um polícia baleou mortalmente Michael Brown, um jovem negro de 18 anos.
A autópsia - cujos resultados preliminares foram revelados esta segunda-feira - indica que foi atingido por seis balas, duas das quais na cabeça.