Primeiro-ministro helénico revelou que colisão entre comboios se deveu a "erro humano". Chefe da estação de Larissa acusado de homicídio por negligência.
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No rescaldo do embate entre dois comboios na cidade de Larissa - do qual resultaram 57 mortos -, e depois de uma chuva de críticas à gestão dos caminhos de ferro nacionais, o Governo grego admitiu que a tragédia vivenciada é consequência de um "fracasso" nas decisões políticas, o que já dura há várias décadas. Kyriakos Mitsotakis, primeiro-ministro helénico, informou que se tratou de um "erro humano", o que levou à prisão do chefe da estação local.
Apesar de já ter sido encontrado um culpado para o pior acidente ferroviário da História da Grécia, o porta-voz do Executivo, Yiannis Economou, adiantou que a investigação a decorrer vai analisar as falhas apontadas ao sistema ferroviário nacional, que passam por "atrasos na execução de trabalhos ferroviários provocados pelas deficiências crónicas do setor público e décadas de fracassos".
Cinco anos após a privatização da empresa ferroviária Hellenic Train ter sido vendida ao grupo italiano Ferrovie dello Statto, os sistemas de segurança ainda não foram automatizados, sendo controlados de forma manual, o que leva os representantes dos trabalhadores do setor a acusarem os sucessivos Governos de desmazelo.
"Foi o desrespeito dos Governos pelos caminhos-de-ferro gregos, ao longo dos anos, que levou a este resultado trágico", ressalvou um dos sindicatos, em comunicado. Outras vozes internas têm-se feito ouvir, defendendo que o responsável pela estação local não deve o ser único a prestar contas à Justiça, uma vez que os problemas no sistema ferroviário são estruturais.
Enquanto são avaliadas mais evidências que terão levado ao desfecho trágico, o chefe da estação de Larissa, que estava no posto há pouco mais de um mês, continua detido por não ter cumprido todas as regras de segurança, correndo o risco de ser condenado a prisão perpétua. O homem de 59 anos, que assumiu a responsabilidade, é suspeito dos crimes de homicídio por negligência, ofensa à integridade física por negligência e perturbação da segurança do transporte, o que, de acordo com a lei grega, o levará a cumprir, pelo menos, dez anos de cadeia.
Ainda que se trate de uma falha humana, o acidente desencadeou uma onda de indignação contra a operadora Hellenic Train, levando a uma paralisação parcial dos comboios, com os trabalhadores do setor a acusarem sucessivos Executivos gregos de ignorarem as medidas de segurança.
Protestos em Atenas
Um dos protestos ocorreu, na noite de quarta-feira, em frente à sede da Hellenic Train, em Atenas, com um grupo de pessoas a acusar a empresa privada de ser uma das principais culpadas pelo desastre. As manifestações obrigaram a polícia a usar gás lacrimogéneo para dispersar a multidão.
Apenas um dia após a demissão do ministro dos Transportes, o país ficou a conhecer o novo responsável pela Tutela. Na primeira declaração, Giorgos Gerapetritis, também evidenciou que "os atrasos [na modernização dos caminhos de ferro na Grécia] têm origem nas patologias crónicas do setor público grego".