Mais de quatro milhões de famílias brasileiras poderão ficar sem acesso ao programa social Bolsa-Família, admitiu, esta terça-feira, o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário.
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Omar Terra disse que pelo menos 10% dos 14 milhões de famílias ficarão de fora dos critérios de atribuição daquele apoio. Mas, "se se cruzar todos os dados, pode dar mais, de 20 a 30%", ou seja, 2,8 milhões a 4,2 milhões de famílias.
Recorde-se que a Presidente da República suspensa, Dilma Rousseff, tem afirmado que este e outros programas sofreriam cortes pelo governo interino de Michel Temer.
O gabinete de Temer, dominado pela Direita, está a acelerar medidas contrárias à orientação de esquerda dos executivos anteriores, apesar de Dilma não ter sido destituída e de o governo em funções ser de transição.
Entre outras, destaca-se o pacote de privatizações ou a abertura a capitais privados de importantes empresas estatais, como os Correios, as entidades que gerem os portos e aeroportos e a própria Casa da Moeda, segundo revelou o jornal "O Globo" anteontem.
Medida polémica na ordem do dia é a exoneração, por Michel Temer, do presidente da companhia estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Ricardo Pereira de Melo, nomeado por Dilma há duas semanas. Surgida em 2007 numa paisagem mediática dominada por grandes grupos privados, a EBC é "instituição da democracia brasileira: pública, inclusiva, plural e cidadã", gerindo a TV Brasil, a Agência Brasil, a Radioagência Nacional e o sistema público de rádio.
Entretanto, o realizador brasileiro Kleber Mendonça Filho e a equipa do seu novo filme ("Aquarius") protagonizaram ontem, no festival de cinema de Cannes, em França, uma ação de apoio a Dilma Rousseff, exibindo folhas com slogans como "Não ao golpe no Brasil" ao caminhar pela passadeira vermelha para assistir à exibição.