O Governo de Donald Trump deixou um chefe da espionagem russa entrar nos EUA, na semana passada, para se reunir com homólogos norte-americanos, apesar de estar sujeito a sanções que deveriam implicar a proibição da sua entrada.
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A informação foi divulgada na terça-feira por dirigentes norte-americanos.
O embaixador russo nos EUA, Anatoly Antonov, afirmou na televisão estatal russa que Sergei Naryshkin, diretor do Serviço de Informações Estrangeiras da Federação Russa, reuniu-se com os seus homólogos norte-americanos para discutir a luta contra o terrorismo.
A visita ocorreu menos de uma semana depois de o Presidente Donald Trump ter decidido não avançar com novas sanções contra políticos e oligarcas russos, por causa da interferência russa nas eleições norte-americanas.
O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, um crítico frequente do tratamento dado por Trump ao homólogo russo, afirmou que o momento da visita era suspeito.
"Esta é uma questão séria de segurança nacional. A Rússia interferiu nas nossas eleições. Sancionámos o diretor das suas ações externas e de pois o governo de Trump convida-o para a valsa, através da nossa porta da frente. Esta é uma incúria extrema do presidente Trump, que parece mais interessado em minar o papel da lei neste país, do que em enfrentar Putin", disse Schumer a jornalistas.
Schumer quer saber quais foram as sanções discutidas, se Naryshkin também se reuniu com dirigentes da Casa Branca ou da segurança nacional e se houve outros dirigentes russos sob sanções que também tenham entrado nos EUA.
Naryshkin foi sancionado em 2014 em resposta à anexação russa da Crimeia.
A Agência Central de Informações (CIA, na sigla em Inglês) divulgou um comunicado em que declarou que, apesar de não discutir os calendários das visitas dos líderes dos serviços de informações norte-americanos, "está certa de que qualquer interação com agências de informações estrangeiras teria sido conduzida de acordo com a lei norte-americana e em consulta com os devidos departamentos e serviços".
Jonathan Schanzer, um perito em sanções na Fundação para a Defesa da Democracia, afirmou que, por norma, as pessoas que foram sancionadas têm os seus ativos nos EUA congelados e estão proibidos de entrar no país.
Adiantou que há casos em que alguns indivíduos de países sob sanções entram nos EUA depois de obterem permissão para participarem em reuniões das Nações Unidas.
Situações como a visita de Naryshkin são mais raras, comparou.
"Não se vê este género de situação noticiado muitas vezes", disse.