O Exército egípcio anunciou, esta segunda-feira, ter encarregado o governo de investigar, o mais rápido possível, os conflitos que aconteceram no domingo passado, no centro do Cairo. Confrontos ente cristãos coptas, muçulmanos e militares fizeram mais de 24 mortos e cerca de 500 feridos.
Corpo do artigo
"O governo foi encarregado de formar rapidamente uma comissão de inquérito para esclarecer o que se passou e tomar medidas em relação a todas as pessoas cujo envolvimento nos acontecimentos seja provado", indicou o Exército, que dirige o Egipto desde Fevereiro, num comunicado lido na televisão pública.
Os confrontos de domingo ocorreram no centro do Cairo, Egipto, durante uma manifestação de cerca de mil cristãos coptas em protesto pelo incêndio de uma igreja no sul do país. Alguns dos manifestantes disseram ter sido atacados por desordeiros e que a viloência se tornou incontrolável depois de um veículo militar atropelar alguns dos cristãos.
O comunicado das autoridades militares foi divulgado no final de uma reunião de crise do conselho supremo das Forças Armadas consagrada aos confrontos. Os distúrbios de domingo foram considerados os mais graves desde a revolta popular que levou à demissão do presidente Hosni Mubarak, em Fevereiro.
Ainda no comunicado, o Exército atribuiu os distúrbios "aos esforços de alguns para destruir os pilares do Estado e semear o caos" e assegurou que "tomará as medidas necessárias para restabelecer a segurança".
Os coptas representam cerca de 10 % da população do Egipto (85 milhões), maioritariamente muçulmana sunita.
"A fé cristã é contrária à violência. Desconhecidos infiltraram-se na manifestação e cometeram os crimes que estão a ser imputados aos coptas", disse o líder da igreja copta, o patriarca Chénuda III. num comunicado divulgado à imprensa após uma reunião com 70 responsáveis da igreja.
"Os coptas têm tido problemas várias vezes e ninguém tem sido responsabilizado", afirmou o líder religioso, apelando às autoridades para que "resolvam as raízes do problema".
As autoridades judiciais anunciaram, esta segunda-feira, a execução por enforcamento de um homem condenado pela morte de seis coptas no início de 2010.
A informação, avançada pela agência oficial Mena, não é habitual no Egipto, onde as datas das execuções judiciais não costumam ser divulgadas.
Mohammed Ahmed Mohammed Hussein foi considerado culpado da morte de seis coptas, sobre os quais abriu fogo à saída de uma missa do Natal copta, em Janeiro de 2010, na aldeia de Nagaa Hamadi, no Alto Egipto.