A Grécia vai manter as suas relações e cooperação com a NATO, independentemente dos laços com a Rússia, garantiu esta quarta-feira o ministro grego da Defesa, depois de um encontro em Bruxelas com o secretário-geral da NATO.
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"Garanti que as relações se vão manter (...) como sempre. Vamos continuar a cooperação política e militar", declarou Panos Kammenos à agência francesa AFP, no final de um encontro com Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Sobre as relações políticas com Moscovo, o novo ministro da Defesa assegurou que "não é preciso ter medo".
O novo governo de coligação, liderado por Alexis Tsipras, do partido de esquerda radical Syriza, que conseguiu a maioria necessária para governar com o apoio dos Gregos Independentes, de direita nacionalista, não esconde a sua simpatia pela Rússia, o que tem suscitado interrogações sobre uma possível reorientação da sua diplomacia.
"A Grécia vai manter-se como membro da Europa e da NATO, isso é certo", garantiu Kammenos, acrescentando que se vão manter as relações políticas com a Rússia, "que não são secretas".
Kammenos recusou ainda que a Grécia pretenda pedir apoio financeiro a Moscovo caso falhem as negociações com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) relativas à dívida soberana helénica.
Não exclui, no entanto, um acordo energético com os russos, que preveem construir um gasoduto, que atravessará a Turquia, passando perto da fronteira grega, depois de terem abandonado o projeto do gasoduto Southstream.
"Mas isso não altera em nada a direção geoestratégica do país", declarou, lembrando ainda a importância do turismo russo para a Grécia, que representa um quarto dos visitantes do país.
Kammenos sublinhou ainda a natureza democrática e europeísta do seu partido e do Syriza de Tsipras, para depois declarar que a Grécia não vai aceitar "uma perda da sua soberania".
"Não somos pela Europa da senhora Merkel, que quer uma Europa alemã. Isso nós não podemos aceitar", afirmou o ministro da Defesa helénico, conhecido pelas críticas assertivas à Alemanha, que acusou de tratar os seus parceiros europeus como "concubinas".
Durante o encontro, Stoltenberg "agradeceu à Grécia pelo seu apoio à aliança", segundo uma porta-voz da NATO, Carmen Romero.
Ainda segundo a porta-voz, citada pela AFP, o secretário-geral da NATO "sublinhou que a Grécia contribuiu de forma significativa para a NATO nas últimas seis décadas, e que conta com o contributo decidido da Grécia no seio da NATO".