A Grécia, membro da NATO, vai gastar 25 mil milhões de euros na “mais significativa” reforma das forças armadas da história moderna do país, anunciou esta quarta-feira o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.
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"Num mundo que está a mudar a um ritmo imprevisível” e “num ambiente internacional incerto”, a Grécia tem 25 mil milhões de euros para realizar a reforma das forças armadas, “a mais significativa na história moderna” do país, disse ao parlamento.
O investimento, que segue os passos de vários parceiros da União Europeia, faz parte de uma estratégia de defesa a 12 anos, explicou, referindo que “os investimentos na defesa são investimentos na soberania e na proteção da dignidade nacional” grega.
“O preço da liberdade é a vigilância eterna”, sublinhou, acrescentando que “não pode haver progresso sem segurança”.
No entanto, Mitsotakis realçou que a flexibilidade fiscal não pode – nem irá – conduzir a excessos.
“Não só porque os mercados nos estão a monitorizar e a avaliar de perto, mas também porque o desempenho global da economia é um fator vital para a segurança e estabilidade”.
O país mediterrânico, que faz fronteira com a Turquia, já dedica mais de 3% do produto interno bruto (PIB) à defesa, tendo agora decidido investir mais cerca de 25 mil milhões de euros num plano que Mitsotakis chamou de “Escudo de Aquiles”.
Mitsotakis observou que o plano tem dois focos principais: a integração de tecnologias avançadas e o envolvimento da indústria militar nacional nos programas de defesa.
Lembrando a “mudança drástica” que o panorama internacional sofreu, nomeadamente com as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, o chefe do Governo considerou que há, hoje, “um tipo de guerra diferente do que era hábito, ou, pelo menos, do tipo para que as forças armadas estavam preparadas”.
Por isso, explicou, é preciso aumentar a incorporação de drones e sistemas antidrones, além de inteligência artificial e elementos de ciberdefesa.
“O nosso país está a proteger-se, a armar-se, a fortalecer-se porque é um país que procura a coexistência pacífica sem nunca abdicar de nada em relação (...) às questões da soberania”, garantiu recentemente o porta-voz do Governo, Pavlos Marinakis.
A França, a Alemanha e a Polónia anunciaram recentemente planos para reforçar as respetivas forças armadas, enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a União Europeia deve aumentar significativamente as despesas com armamento num contexto geopolítico tenso.
Além de adquirir 20 caças F-35, para os quais já foi assinado um acordo, Atenas quer reforçar o atual sistema de defesa antiaéreo com novas armas, drones navais e aéreos e radares.
A Grécia, um dos quatro países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) que gastam mais de 3% do PIB em defesa, a par de Polónia, Estónia e Letónia, já tinha duplicado o orçamento de defesa para 6,13 mil milhões de euros em 2025.
Situado nas fronteiras externas da UE, o país tem tentado, nos últimos anos, reforçar a posição geopolítica no Mediterrâneo Oriental, próximo das zonas de conflito do Médio Oriente.
No discurso no parlamento, o primeiro-ministro salientou que os militares “defenderam os direitos [dos europeus] em todas as crises que se registaram no mar Egeu”, independentemente dos pactos de segurança assinados com vários governos, como França e Estados Unidos, para responder aos desafios internacionais.
A UE “deve redefinir a sua posição no mapa em termos dos seus interesses e equilíbrio geopolítico”, defendeu, adiantando que “estas medidas não só reforçam a autonomia estratégica da Europa como estão em linha com a posição da Grécia, que já tem a aprovação do Conselho Europeu”.