A espada que as instituições europeias colocaram sobre a cabeça do povo grego surtiu efeito e os gregos acabaram por ajudar a Europa. Votaram por um governo moderado que evitará, para já, o colapso europeu.
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As dúvidas eram muitas antes do dia das eleições e hoje serão pouco menos. Mas há uma que ficou definitivamente esclarecida: os gregos, colocados perante a hipótese de sair do euro, escolheram, ainda que muito divididos, o partido que mais garantias lhes dava de que a Grécia vai permanecer no clube da moeda única, e com isso evitaram a tragédia europeia que lhes tinha sido anunciada e posto aos ombros.
A Nova Democracia, liderada por Antonis Samaras, venceu com 29,6% dos votos, que, com o bónus de 50 deputados que a lei eleitoral grega garante ao partido vencedor, consegue 129 deputados. "Acabaram as aventuras. O lugar da Grécia na Europa não será colocado em dúvida". Convidamos todos as forças políticas que acreditam nesse projeto a formar um governo de salvação nacional".
Estão assim abertas todas as possibilidades para que seja formada uma coligação com pelo menos os dois partidos pró-resgate: a Nova Democracia e o PASOK, que com uma votação de cerca de 12%, conseguiu eleger 33 deputados. Juntos conseguem mais do que os 151 deputados que garantem maioria no Parlamento grego. Os analistas internacionais têm apontado que seria também útil à capacidade de sobrevivência do novo governo que os Democratas de Esquerda (que conseguiram 20 deputados) também fossem convidados a negociar.
A coligação Tsyriza, de Alex Tsipras, que esteve até à última muito próxima de ganhar, fruto de um programa fortemente contra a austeridade, ficou-se pelos 27% (71 deputados), percentagem que lhes dá o segundo lugar, mas inviabiliza a entrada no governo de coligação.
Tsipras assegurou que vai exercer uma oposição forte e reiterou que a única saída para a Europa consiste em terminar de austeridade.
O partido de extrema-direita Aurora Dourada manteve a votação que tinha conseguido em 6 de maio: 7% e 18 deputados.
As grandes dificuldades para Grécia não acabam, todavia, aqui. Segundo a Imprensa grega, os cofres do Estado só têm dinheiro para sustentar o país até julho. A bola está do lado da Europa.