A primeira greve geral do ano na Grécia, contra as medidas de austeridade, registou, esta quarta-feira, uma adesão de 70%, segundo o maior sindicato do setor público, que mobilizou milhares de manifestantes em Atenas.
Corpo do artigo
Esta greve geral na Grécia acontece a dois dias da visita oficial da chanceler alemã, Angela Merkel, que chega na sexta-feira a Atenas para encontros com o primeiro-ministro Samaras e mostrar o apoio da Alemanha pelas reformas defendidas pelo governo grego.
O sindicato do setor público, ADEDT, sublinhou a forte adesão dos funcionários do Estado.
Os hospitais estiveram a funcionar com serviços mínimos e os comboios estiveram paralisados, assim como os serviços da administração pública, e as escolas.
Mesmo assim, em relação aos transportes públicos urbanos, na capital, a greve só se notou durante a madrugada e o metropolitano esteve a funcionar com normalidade, pois os trabalhadores dos autocarros e do metro de Atenas estão proibidos de aderirem a greves desde fevereiro de 2013.
A confederação dos sindicatos do setor privado, GSEE, ainda não forneceu números sobre a participação na greve mas referiu-se à elevada paralisação dos trabalhadores portuários, aos navios que continuam no cais e no encerramento das farmácias, com exceção das que se encontravam de serviço.
Os aeroportos funcionaram com normalidade e não se registaram cancelamentos ou atrasos nos voos.
De acordo com a agência EFE, no setor comercial, a greve foi praticamente inexistente, com a maioria dos estabelecimentos a funcionar com normalidade.
As únicas lojas que encerraram foram as que se encontram situadas junto do percurso da manifestação que segundo a agência espanhola foi a maior dos últimos anos, em Atenas.
Em 2013 realizaram-se cinco greves gerais, o mesmo número das greves gerais em 2012, na Grécia.
De acordo com a polícia, a manifestação de hoje, que terminou na Praça da Constituição (Praça Syntagma), frente ao Parlamento de Atenas contou com 12 mil pessoas mas segundo os organizadores estiveram presentes no protesto 27 mil manifestantes.
Entre as palavras de ordem contra o governo do conservador Antonis Samaras liam-se também cartazes dirigidos aos credores internacionais: "supressão definitiva da dívida", "não aos despedimentos", "saúde igual para todos -- abaixo os memorandos".
"Não aceitamos pagar as dívidas que nós não contraímos. Por isso, fiquem a saber que se nós morrermos de fome não ficarão gregos que possam pagar a dívida", disse à EFE, Andromaji, uma manifestante que se encontra no desemprego há vários anos.
Os sindicatos apelaram à mobilização sobretudo em protesto contra o desemprego e contra as reformas impostas pelo governo e pela "troika" (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e União Europeia) e aprovadas recentemente pelo Parlamento de Atenas.
A recente "lei dos cortes" esteve à beira de provocar uma crise parlamentar devido à oposição declarada de alguns deputados da coligação governamental formada pelos conservadores da Nova Democracia (ND) e os socialistas do PASOK, porque alegavam que introduzia reformas polémicas em setores chave da economia.
A lei prevê também novos cortes nas pensões de reforma e permite aos bancos que receberam ajudas estatais a venderem as próprias ações abaixo do preço de compra iniciais.