Um grupo de sete finalistas de Medicina da Universidade de Coimbra que estava retido no Peru conseguiu deixar o país, revelou Francisco Rodrigues dos Santos, um dos estudantes, ao JN. Os portugueses viajaram num voo humanitário das Forças Armadas peruanas que transportou o grupo para Lima e, de lá, conseguiram usar o bilhete que tinham para Madrid.
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Temendo que os protestos escalassem esta segunda-feira, o grupo partiu da base aérea de La Joya, a 50 quilómetros de Arequipa e chegou à capital peruana num voo humanitário, que juntou também estrangeiros de diversas nacionalidades. Outras três portuguesas, que estavam no mesmo hotel dos finalistas, viajaram no voo humanitário seguinte.
Em Lima, o grupo utilizou os bilhetes que tinha comprado para Madrid e deixou o Peru no domingo à noite. Nesta segunda-feira, os finalistas chegaram à capital espanhola e agora devem realizar um voo para o Porto.
Pelo menos 25 dos 66 portugueses retidos Peru já saíram do país, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
União Europeia apoia Boluarte
A União Europeia (UE) anunciou esta segunda-feira o apoio aos "esforços políticos liderados pela presidente Dina Boluarte" para manter a estabilidade política do Peru. O comunicado divulgado por um porta-voz do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE) apela ao respeito e à proteção do direito de manifestação pacífica do povo peruano.
A UE condenou qualquer forma de violência e o uso excessivo da força, além de expressar preocupação com as dezenas de mortes de civis nos protestos. A nota do SEAE pediu para que os atores políticos e a sociedade civil "trabalhem num espírito de diálogo e cooperação para parar com a violência, reduzir as tensões e responder às necessidades e aspirações dos cidadãos peruanos".
Segundo a Defensoria do Povo, uma espécie de provedor de Justiça, pelo menos 20 pessoas morreram e 646 ficaram feridas durante as manifestações, sendo 356 civis e 290 polícias. Estradas e aeroportos foram bloqueados devido aos protestos a favor do ex-presidente Pedro Castillo, detido após a tentativa de fechar o Congresso, e de promover eleições gerais antecipadas.
"As medidas que tomamos estão a funcionar, ou seja, as estradas estão a ser recuperadas, os aeroportos estão a ser habilitados e a violência dos manifestantes nas ruas também está a reduzir", declarou o primeiro-ministro peruano, Pedro Angulo, antes de ser demitido no domingo.
A presidente Dina Boluarte, que teve o pedido de antecipar o escrutínio para abril de 2024 negado pelo Parlamento na sexta-feira, é também alvo das críticas dos manifestantes. O Congresso deve votar novamente a antecipação das eleições nesta terça-feira.