A comunidade Baduy, que vive na região Sudeste da província de Banten, na ilha de Java, remeteu ao Governo do país, esta semana, um pedido de retirada da rede mundial de computadores em toda a área em que residem, com a intenção de mitigar os "impactos negativos" do Mundo online, de acordo com autoridades locais.
Corpo do artigo
Os Baduy, uma comunidade indígena com cerca de 26 mil pessoas, dividem-se em dois grupos principais: os "tangtu", que na tradução literal significa "Baduy internos", uma classe reclusa que escolheu rejeitar os subterfúgios da vida contemporânea; e os "panamping", um grupo que parcialmente adota a tecnologia e alguns costumes modernos, como o dinheiro e a escolaridade, conhecidos como os "Baduy externos".
De acordo com a agência AFP, que teve acesso à carta enviada pelos "tangtu" - apelidados de "Amish da Ásia" pelos média ocidentais -, o grupo solicitou às autoridades locais que desligassem o sinal de internet ou desviassem as torres de telecomunicações, erguidas próximo do seu território, para que o sinal não chegasse aos vilarejos Baduy. Representantes da comunidade argumentam que as torres podem ameaçar o ostracismo e o seu estilo de vida, além de tentar os mais jovens a utilizar a rede virtual.
O Governo indonésio declarou o território Baduy como um local de conservação cultural em 1990. As autoridades de Lebak informaram que a carta foi recebida nesta segunda-feira, e que já enviaram a requisição ao Ministério das Comunicações e Tecnologia da Informação do país. Em maio, segundo o portal "Yahoo News Singapore", o antigo ministro Johhny G. Plate foi detido por envolvimento num escândalo de corrupção, de quase um milhão de euros, relacionado com a construção de torres de comunicação móvel em regiões remotas da Indonésia.
O secretário regional de Lebak, Budi Santoso, referiu à AFP que a situação é complicada, pois o acesso ao ciberespaço é necessário para os "panamping", visto que o grupo de "Baduy externos" possui atualmente alguns negócios online. As autoridades, entretanto, receiam que visitantes e turistas possam aceder à web e mostrar conteúdos que consideram inadequados aos nativos.
Na Indonésia, o Governo baniu portais de apostas e pornografia, porém, apesar da censura, websites ilegais com estes conteúdos e outros apontados como impróprios pelo Executivo, surgem de maneira desenfreada no país, que possui mais de 1300 grupos étnicos espalhados pelo arquipélago.