O velejador francês Yvan Griboval, conhecido mundialmente por ter ganho sozinho a Volvo Ocean Race em 1986, teve de adiar a sua visita a Lisboa por um ano, para maio de 2023. As autoridades francesas proibiram-no de enviar mais dinheiro para a compra do barco, que ia ser construído na Rússia e seria financiado por bancos russos. A sua ideia é agora iniciar a viagem a partir da Tanzânia,com outro barco, em outubro de 2022.
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João Leite, diretor geral da KSB em Portugal, a empresa que iria financiar a viagem, explicou ao JN que a aquisição do barco de 26 metros de comprimento, que Yvan Griboval ia usar na travessia de quatro oceanos, teve de ser cancelada devido à invasão russa da Ucrânia. "O barco, novo, ia ser fabricado na Rússia e financiado por bancos russos", afirma.
Originalmente, Yvan Griboval queria prosseguir com a expedição mesmo em clima de incerteza, tendo já efetuado os primeiros pagamentos às entidades russas. "Contudo, dias antes do início da viagem [prevista para 24 de março], as autoridades francesas informaram que não poderiam ser feitos mais pagamentos para bancos e empresas russas. Efetivamente, adiando a viagem", explicou João Leite.
Passar por Lisboa em 2023
Desta forma, a viagem de Yvan Griboval deverá agora começar a outubro de 2022 na Tanzânia, ao contrário do previsto. "A escolha da data partiu da agenda do Yvan. Assim que soube que não podia iniciar a viagem em março, começou a procurar outras hipóteses. Encontrou um barco que preenchia todos os critérios na Tanzânia e, aproveitando o facto que ele estaria no país em outubro, decidiu comprá-lo e reiniciar a viagem a partir daí."
A expedição vai depois seguir para o mar Vermelho, para recolher alguns dados relativos aos corais em risco. "Este é um dos focos da expedição", afirma João Leite, que também refere que a data de maio de 2023 - a nova data para a chegada de Yvan Griboval a Lisboa - é uma estimativa. "Depende de diversos fatores que ele não tem controlo e, por isso, esta é uma data provisória até que ele saiba quando é que é possível estar em Lisboa."
Uma viagem com interesses mútuos
Intitulada "OceanoScientific", a viagem naútica de Yvan Griboval foi patrocinada pela empresa KSB, pioneira no fabrico de bombas centrífugas e válvulas. A KSB aliou-se a este projeto por estar muito ligado à missão e à história da empresa.
https://twitter.com/KSBfrance/status/1488804439116894208
"Pretende trazer à atenção dos jovens sobre os assuntos do mar e a encorajá-los a respeitar o oceano."
João Leite menciona que a KSB decidiu apoiar este projeto com base em cinco objetivos: a criação da primeira base de dados genética de organismos marinhos, para benefício da biodiversidade, da saúde e da ciência; suportar a nova lei internacional sobre poluição sonora submarina; mostrar o verdadeiro impacto das alterações climáticas; valorizar e proteger os recifes de corais; e divulgar a importância da preservação dos oceanos, especialmente entre a camada da população mais jovem.
Estes objetivos serão atingidos através da recolha, durante a expedição, de informação genética sobre organismos marinhos, de dados sobre poluição sonora e orgânica, sedimentos, e informação sobre a salinidade, temperatura e CO2 dissolvido. Dados que serão disponibilizados de graça à comunidade científica, com quem Yvan Griboval tem acordos. As paragens do barco nos vários portos por onde a expedição passar serão também utilizadas para realizar eventos de divulgação do projeto e da importância da preservação dos oceanos, com especial relevo na população mais jovem.
João Leite refere que o que une Yvan Griboval e a KSB é a "preservação e valorização do nosso planeta", através dos oceanos, uma fonte da vida com uma imensa e ainda muito desconhecida riqueza genética e ambiental, além de fundamental fonte de alimentação.