O balanço oficial da operação policial para desmantelar os dois maiores acampamentos de apoiantes do presidente deposto Mohamed Morsi, no Cairo, esta quarta-feira, é de 15 mortos e 203 feridos, segundo o Ministério da Saúde. A Irmandade Muçulmana denuncia "massacre" de 250 pessoas.
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Os números do Ministério da Saúde egípcio, de 15 mortos e 203 feridos, contrastam muito com os da Irmandade Muçulmana, que afirmou ter registado pelo menos 250 mortos e cinco mil feridos.
O balanço do movimento islamita ao qual Mohamed Morsi pertenceu até ser eleito presidente foi revelado numa mensagem divulgada na rede social Twitter pelo porta-voz, Gehad al-Haddad.
Os números da Irmandade Muçulmana não foram confirmados por fonte independente, de acordo com a agência noticiosa francesa AFP.
Um jornalista da agência France Presse contabilizou 124 cadáveres entre os apoiantes do presidente Morsi, no hospital de campanha instalado na praça Rabaa al-Adawiya.
No local o jornalista da AFP constatou ainda que um homem que tinha sido atingido por uma bala na cabeça, "ainda respirava" mas não estava a receber cuidados médicos.
Uma fonte dos serviços de segurança disse à agência noticiosa espanhola EFE que três polícias foram mortos a tiro.
As autoridades estão prestes a assumir total controlo da praça Nahda, em Giza, onde se encontrava um dos acampamentos dos apoiantes de Morsi. O outro, na praça Rabaa al-Adawiya, situa-se na área de Cidade Naser.
A televisão estatal egípcia indicou que a operação policial continua nas ruas mais próximas de Rabea al-Adauiya. Nas imagens difundidas dos dois principais acampamentos, viam-se várias tendas de campanha destruídas e veículos abandonados. Agentes policiais, equipados com material antimotim, cercavam as zonas, de onde saiam colunas de fumo.
Em resposta, a Irmandade Muçulmana apelou aos egípcios a saírem à rua para "pararem o massacre". "Não é uma tentativa de dispersão, mas uma tentativa de esmagar de forma sangrenta qualquer voz que se opõe ao golpe de Estado militar. Rabea apela aos egípcios para saírem à rua para pararem o massacre", disse o porta-voz da Irmandade Muçulmana Gehad el-Haddad numa mensagem divulgada no Twitter.
As autoridades egípcias anunciaram que os comboios, de e para a capital, foram bloqueados, na sequência da operação policial para evitar que os manifestantes se reagrupem nos arredores do Cairo.
O atual clima de tensão no Egito iniciou-se a 30 de junho, quando diversos setores da oposição promoveram grandes protestos exigindo a deposição do presidente islamita Mohamed Morsi, eleito em junho de 2012 nas primeiras eleições livres no país.
Em 3 de julho o presidente foi deposto e detido pelos militares, tendo sido formado um Governo de transição, entre os protestos das correntes islamitas que exigem o seu regresso ao poder.
Após o falhanço das tentativas de mediação internacionais, o Governo interino nomeado pelo exército anunciou que, terminado o período do Ramadão, no passado fim de semana, iria acabar com as manifestações pró-Morsi, operação que iniciou esta quarta-feira.