Nos últimos dois meses houve um "aumento extraordinário" de mortes de golfinhos no Mar Negro. Cientistas afirmam que o aumento da poluição sonora desde que a guerra começou pode ter alterado as rotas habituais dos animais.
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A Fundação Turca de Investigação Marinha - Tudav - está a investigar o aumento "extraordinário" de mortes de golfinhos ao longo da costa oeste do Mar Negro. Investigadores explicam que os navios da marinha russa, a explosão de bombas e a exposição à poluição sonora podem ter levado os golfinhos mais para sul, em direção às costas da Turquia e da Bulgária.
KARADENİZ KIYILARINDA GÖRÜLEN OLAĞANDIŞI YUNUS ÖLÜMLERİ HAKKINDA Son bir aydır Türkiye"nin özellikle Batı Karadeniz kıyılarında tırtak türü (Delphinus delphis) yunusların ölümlerinde olağandışı bir artış gözlenmektedir. pic.twitter.com/Myq8WLNLwe
- Türk Deniz Araştırmaları Vakfı (TÜDAV) (@TudavTudav) March 26, 2022
As causas da morte de mais de 80 mamíferos ainda estão a ser investigadas, mas a data do primeiro registo coincide com a última semana de fevereiro - semana do início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Aproximadamente 40 destes animais morreram após ficarem presos nas redes de pesca, mas o que aconteceu à outra metade ainda é uma "pergunta sem resposta", relatou o líder da Fundação, Bayram Öztürk, ao "The Guardian", explicando que não há vestígios de feridas provocadas nem por redes de pesca nem por armas.
"O trauma acústico é uma das possibilidades", afirmou Öztürk. "Não temos provas sobre o que o sonar de baixa frequência pode causar no Mar Negro porque nunca vimos tantos navios e tanto barulho durante tanto tempo - e a ciência exige sempre provas".
Geralmente, os navios usam sonares para detetar submarinos inimigos a grandes distâncias. Como os mamíferos marinhos também dependem do som para a comunicação e outras funções, o ruído subaquático pode ter efeitos "sérios", e até fatais, para os cetáceos.
De acordo com Pavel Gol'din, investigador da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, o ruído subaquático permanente pode não matar os animais diretamente, mas pode perturbá-los e prejudicá-los seriamente, uma vez que os golfinhos e outras espécies podem dirigir-se para território desconhecido para o evitar. "Pode ser a causa da migração em massa de peixes e cetáceos para o sul", afirmou.
O facto de não haver protocolos para proteger os mamíferos durante a guerra prejudica as investigações, alertam os cientistas. O investigador Öztürk diz que entre as dezenas de navios que estão no Mar Negro, "nem sabemos com que frequência eles usam os sonares" e a falta de acesso a informação está a condicionar o trabalho sobre as mortes dos cetáceos, além de estar a tornar difícil a identificação dos animais que estão em maior perigo, acrescentou ao jornal britânico.