O secretário-geral da ONU, António Guterres, admitiu hoje que espera unir esforços com o Presidente norte-americano, Donald Trump, nomeadamente na mediação de conflitos, durante um encontro entre ambos na próxima semana.
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"Ficarei muito feliz por encontrar-me com o Presidente Trump. Os EUA são um ator central no cenário global. Há muitas posições públicas que ambos adotamos, mas acredito que há áreas em que os nossos esforços podem ser unidos. Vou dar um exemplo: a mediação de paz", disse hoje Guterres, em Nova Iorque.
Numa conferência de imprensa acompanhada pela Lusa, António Guterres fez hoje uma antecipação da Semana de Alto Nível da 80.ª Assembleia-Geral da ONU (UNGA80, na sigla em inglês), que arranca na próxima semana e durante a qual tem agendada uma reunião bilateral com Donald Trump.
Questionado sobre o que espera desse encontro, o líder da ONU apontou para a capacidade dos Estados Unidos de intermediar processos de paz, algo que Washington tem em comum com a ONU.
"A ONU tem esforços muito fortes na mediação da paz em diferentes partes do mundo, onde temos pessoas que conhecem todos os interlocutores, pessoas com uma vasta experiência nas causas económicas, sociais e outras causas profundas, e nos problemas de direitos humanos dos países que mantêm uma relação de confiança com alguns dos principais intervenientes", refletiu Guterres.
Contudo, o secretário-geral afirmou que a ONU tem enfrentado dificuldades em fazer com que os protagonistas dos conflitos atuais compreendam a necessidade de alcançar a paz.
Nesse sentido, Guterres acredita que se a ONU se unir a Washington serão mais eficazes em garantir "que pelo menos algum processo de paz conduza a um resultado bem-sucedido", mas sem especificar nenhum em concreto.
"Penso que devemos estar abertos a encontrar formas de unir esforços. A paz é um objetivo importante, acredito, de ambos os lados", acrescentou.
António Guterres e Donald Trump têm um encontro bilateral agendado para 23 de setembro, primeiro dia da Assembleia-Geral da ONU.
A informação foi avançada pelo porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, que explicou que será o primeiro encontro oficial entre os dois líderes desde que Donald Trump regressou à Casa Branca, em janeiro desde ano.
O porta-voz confirmou ainda que não houve qualquer telefonema entre Guterres e Trump desde que o magnata republicano assumiu o seu segundo mandato presidencial, em janeiro deste ano.
O encontro deverá acontecer depois de Trump e Guterres discursarem na Assembleia-Geral da ONU.
Guterres fará o discurso de abertura do Debate, na manhã do dia 23 de setembro, sendo seguido, respetivamente, pelo Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de acordo com a ordem tradicional seguida pela ONU.
Apesar de os Estados Unidos serem o país que acolhe a sede da ONU, em Nova Iorque, e o maior doador da organização, Trump anunciou grandes cortes de financiamento, assim como a retirada do país de agências como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), da Organização Mundial da Saúde (OMS) ou do Conselho de Direitos Humanos.