Os fertilizantes e produtos agrícolas russos devem ser capazes de chegar aos mercados mundiais "sem impedimentos" para evitar uma crise alimentar, disse, neste sábado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, em Istambul.
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"É importante que os governos e o setor privado cooperem para levá-los ao mercado", declarou no Centro de Coordenação Conjunta (CCC), que supervisiona o bom funcionamento do acordo selado entre Ucrânia e Rússia, para retomar a exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro. O pacto também garante à Rússia a exportação dos seus produtos agrícolas e fertilizantes, apesar das sanções ocidentais.
"O que vemos aqui em Istambul e em Odessa [transporte de cereais ucraniano] é apenas a parte mais visível da solução", disse Guterres. "A outra parte deste acordo global é o acesso irrestrito a alimentos e fertilizantes russos, que não estão sujeitos a sanções, aos mercados globais", disse Guterres. O líder da ONU assinalou que, ainda assim, a exportação desses produtos agrícolas russos ainda enfrenta "obstáculos".
"Se não houver fertilizante em 2022, pode não haver comida suficiente em 2023. Obter mais alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia é essencial para acalmar os mercados... e baixar os preços para os consumidores", acrescentou.
Guterres viajou esta semana até Lviv, no oeste da Ucrânia, onde se encontrou na quinta-feira com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky e seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan. Na sexta-feira, foi a Odessa, um dos três portos destinados à exportação de cereais.
No sábado, ele também visitou o primeiro navio humanitário fretado pela ONU que transportava grãos ucranianos na costa sul de Istambul.
O Brave Commander, cujo destino final é Djibuti, deixou o porto ucraniano de Pivdenny com 23 mil toneladas de trigo na terça-feira, antes de cruzar o Bósforo na noite de quarta-feira. Guterres prometeu na quinta-feira que a ONU tentaria "intensificar" as exportações de grãos da Ucrânia antes do inverno.