O secretário-geral da ONU, António Guterres, felicitou hoje os galardoados com o Nobel da Paz, destacando que os grupos da sociedade civil são o "oxigénio da democracia" e pedindo que "os bravos defensores" desses valores universais sejam protegidos.
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Em comunicado, Guterres dirigiu as suas felicitações a Ales Bialiatski, da Bielorrússia, e às organizações de defesa dos direitos humanos Memorial, da Rússia, e Centro para as Liberdades Civis, da Ucrânia, que hoje foram distinguidos pelo Comité Nobel norueguês com o Prémio Nobel da Paz 2022.
"Os grupos da sociedade civil são o oxigénio da democracia e catalisadores da paz, do progresso social e do crescimento económico. Eles ajudam a manter os Governos responsáveis e levam as vozes dos vulneráveis aos corredores do poder", disse o líder das Nações Unidas.
"No entanto, hoje, o espaço cívico está a estreitar-se em todo o mundo. Defensores de direitos humanos, defensores dos direitos das mulheres, ativistas ambientais, jornalistas e outros enfrentam prisões arbitrárias, duras penas de prisão, campanhas de difamação, multas incapacitantes e ataques violentos", destacou.
Nesse sentido, ao felicitar os vencedores deste ano, Guterres pediu que o mundo se comprometa a defender "os bravos defensores dos valores universais de paz, esperança e dignidade para todos".
Ales Bialiatski, 60 anos, atualmente preso na Bielorrússia, fundou a organização Viasna (Primavera) em 1996, para ajudar presos políticos e as suas famílias, na sequência da repressão do regime do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
A organização russa Memorial foi criada em 1987, para investigar e registar crimes cometidos pelo regime soviético, mas tem denunciado violações de direitos humanos na Rússia.
O Centro para as Liberdades Civis surgiu em Kiev, em 2007, para fazer avançar os direitos humanos e a democracia na Ucrânia.
Os laureados são provenientes de três países em foco devido à guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro deste ano, com o apoio da Bielorrússia, um país aliado de Moscovo.
Ao anunciar o prémio, a presidente do Comité Nobel norueguês, Berit Reiss-Andersen, disse que os laureados representam a sociedade civil nos três países.
"Há muitos anos que promovem o direito de criticar o poder e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos. Têm feito um esforço notável para documentar crimes de guerra, abusos dos direitos humanos e abuso de poder", disse.
"Juntos, demonstram o significado da sociedade civil para a paz e a democracia", acrescentou Reiss-Andersen.
Em 2021, o Nobel da Paz foi atribuído aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, pela defesa da liberdade de imprensa e de expressão.