Pelo menos 34 pessoas morreram em Cabo Delgado, Nampula e Niassa, na passagem do ciclone tropical Chido, no domingo, e 35 mil casas foram afetadas, além de 34 unidades sanitárias, segundo novo balanço preliminar.
Corpo do artigo
De acordo com um relatório do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), o ciclone tropical, que se formou em 5 de dezembro no sudoeste do oceano Índico, entrou no domingo pelo distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, no norte do país, "com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora" e chuvas fortes.
Entre os impactos preliminares já contabilizados, até às 18 horas locais (menos duas horas em Portugal continental) de segunda-feira, a situação afeta 174.518 pessoas, num total de 34.219 famílias, causou 34 mortos - 28 em Cabo Delgado, três em Nampula e três em Niassa - e 319 feridos, além de 11.744 casas parcialmente destruídas e 23.598 totalmente destruídas.
Foram afetadas igualmente cinco casas de culto, nove escolas e 34 unidades de saúde, mas também a interrupção do sinal das três operadoras de telecomunicações moveis em Cabo Delgado e o corte do cabo de fibra ótica entre Chiure e Namapa, naquela província.
O ciclone tropical Chido, de escala 3 (1 a 5), atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na noite de sábado para domingo, segundo o Centro Nacional Operativo de Emergência (CNOE), mas enfraqueceu para tempestade tropical severa, apesar de continua a fustigar as províncias a norte, com "chuvas muito fortes acima de 250 mm [milímetros]/24 horas, acompanhada de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes".
As autoridades moçambicanas já tinham admitido na quinta-feira que cerca de 2,5 milhões de pessoas poderiam ser afetadas pelo ciclone Chido nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, no norte, e na Zambézia e Tete, no centro.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.
Já na primeira metade de 2023, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3200 salas de aula, de acordo com dados oficiais do Governo.