O dia 24 de março de 2015 vai perdurar na memória dos 38 mil habitantes da localidade alemã de Haltern, que perdeu 16 adolescentes e dois professores no acidente aéreo nos Alpes franceses.
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O "El País" dá o exemplo de Lara Beer, de 14 anos, que se preparava para ir esperar a amiga Paula à estação de comboios. Estavam há uma semana sem comunicar, porque a sua amiga tinha viajado para Espanha no âmbito de um intercâmbio. Foi um telefonema dos pais que a alertou para a trágica notícia: a amiga seguia no voo da Germanwings que se despenhou durante o percurso entre Barcelona e Düsseldorf. As duas amigas já não iriam voltar a rir alto pela rua, como era hábito quando estavam juntas.
"Estamos todos em choque. Não posso acreditar que ela simplesmente não está aqui, que desapareceu", disse Lara entre lágrimas, junto ao instituto Joseph König.
Esta quarta-feira, os alunos foram chegando mas, em vez de aulas, festavam previstas sessões de apoio para estudantes e professores.
"Haltern não voltará a ser a mesma", sublinhou o autarca local, Bodo Klimpel, num discurso muito emotivo, durante uma conferência de imprensa improvisada. Numa localidade tão pequena será difícil encontrar uma família que não conheça alguém, mesmo que de forma indireta, a alguma das vítimas.
A dor da comunidade era visível nos rostos fechados que, em grupos, passaram ao longo do dia pela igreja local depositando velas e flores. No livro de condolências disponibilizado à população há palavras de consternação. O "El País" divulga o exemplo de uma carta escrita por 16 alunos a sua professora de matemática na qual lembram a foto em conjunto tirada dia 16, antes da partida da docente para Espanha. "Vamos sentir a sua falta. Esperamos que goste do sítio onde está. Não a vamos esquecer".
O grupo de alunos alemães passou uma semana em Llinars del Vallès, perto de Barcelona, num programa de intercâmbio com alunos espanhóis do instituto Giola daquela localidade, ficando hospedados em casa de colegas espanhóis.
Esta quarta-feira, realizou-se uma homenagem às vítimas no instituto Giola na qual participaram alunos, autoridades locais e funcionários do estabelecimento de ensino. "Foi muito comovente, todos chorámos muito", indicou um aluno à saída. "Esta foi a primeira vez que muitos deles saíram da Alemanha, não lhes devia ter acontecido esta tragédia", acrescentou, encolhendo os ombros.
"É um intercâmbio que existe há muito tempo e tratava-se de um grupo de 16 alunos do quarto ano do secundário, de 15 ou 16 anos, e de duas professoras que estavam há seis ou sete dias em Llinars", explicou um conselheiro da câmara municipal de Llinars, Josep Aixandri. "Estamos todos muito afetados", frisou.
Após o acidente, a direção da escola espanhola convocou uma reunião de emergência e um grupo de psicólogos da Cruz Vermelha foi enviado para a localidade para dar assistência aos alunos espanhóis.