O movimento palestiniano Hamas, baseado na Faixa de Gaza, acusou o primeiro-ministro israelita de “frustrar o processo de negociação e destruir qualquer perspetiva de libertação de reféns”, após Benjamin Netanyahu anunciar a deslocação dos habitantes do enclave.
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“A afirmação de Netanyahu de que qualquer acordo temporário de cessar-fogo seria seguido por um recomeço da guerra, levando à implementação do que ele chamou de plano [Donald] Trump de deslocação [dos habitantes de Gaza], é uma tentativa de frustrar o processo de negociação e destruir qualquer perspetiva de libertação de prisioneiros”, disse o Hamas em comunicado.
O grupo armado islamita também denunciou as declarações de Netanyahu como “confirmando mais uma vez ao mundo inteiro” que o líder israelita é “um criminoso obcecado com o assassinato e o genocídio, que empurra toda a região para o abismo para servir os seus interesses políticos”.
Netanyahu anunciou um plano para deslocar a população de Gaza, de cerca de 2,1 milhões de pessoas, para uma zona no sul da Faixa de Gaza, à medida que assume o controlo do enclave.
O primeiro-ministro israelita garantiu que será nesta zona, “limpa do Hamas”, que os habitantes de Gaza receberão a ajuda humanitária, cujo acesso à Faixa de Gaza está bloqueado por Israel desde 2 de março e que começou a chegar aos pontos de distribuição esta noite, após dias de incerteza.
Netanyahu insistiu que Israel vai implementar o plano do presidente norte-americano, Donald Trump, para a Faixa de Gaza quando a guerra terminar, o que condicionou à expulsão do movimento islamita palestininao Hamas do enclave e se houver "condições claras que garantam a segurança de Israel", além da libertação dos reféns detidos no enclave desde outubro de 2023.
Washington, afirmou o grupo islamita, tem a responsabilidade de clarificar a sua posição sobre o “crime de deslocação forçada sob ameaça de genocídio, numa altura em que desempenha um papel de mediador para pôr fim à guerra".
Para o Hamas, a comunidade internacional deve “tomar medidas” para garantir “o fim dos massacres brutais de pessoas inocentes na Faixa de Gaza”.
O primeiro-ministro israelita disse estar pronto para aceitar um "cessar-fogo temporário" na Faixa de Gaza que permita a libertação dos últimos 20 reféns vivos, e posteriormente pretende assumir o controlo de todo o enclave palestiniano.
Ao mesmo tempo, o chefe do Governo insistiu que, após a nova grande ofensiva militar lançada no passado fim de semana, “toda a Faixa de Gaza estará sob o controlo do Exército israelita".
Netanyahu advertiu, entretanto, ser preciso “evitar uma crise humanitária” para manter “a liberdade operacional de ação" dos militares israelitas, alegando que a intensificação dos ataques e as restrições à entrada de ajuda aos habitantes do território provocaram uma vaga de condenação internacional.
Na conferência de imprensa, a primeira em cinco meses, o líder israelita reiterou igualmente que a população da Faixa de Gaza está a ser transferida para sul, à medida que os militares vão assumindo o controlo do território.