Um dirigente do Hamas acusou esta sexta-feira o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de multiplicar declarações na imprensa para torpedear os esforços para obter uma trégua na guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano na Faixa de Gaza.
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Hossam Badran, membro do gabinete político do movimento, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) que os negociadores do Hamas estão atualmente a discutir, internamente e com os outros grupos armados palestinianos, a proposta de tréguas transmitida no final de abril, antes de regressarem ao Cairo, onde decorrem negociações indiretas com Israel.
Os mediadores - Egito, Qatar e Estados Unidos - aguardam ainda no Cairo que o Hamas responda à proposta de trégua, que inclui uma pausa na ofensiva israelita e a libertação de detidos palestinianos em troca dos reféns raptados durante o ataque do movimento palestiniano a 7 de outubro no sul de Israel, que desencadeou a guerra.
Badran reiterou à AFP que o seu movimento está a estudar a oferta "com um espírito positivo", mas considerou que as muitas declarações públicas recentes de Netanyahu, em que este reiterou a sua intenção de levar a cabo uma ofensiva terrestre em Rafah, uma cidade no sul da Faixa de Gaza, "têm claramente como objetivo destruir qualquer possibilidade de acordo".
"Netanyahu tem sido o elemento obstrucionista em todas as rondas anteriores de diálogo ou negociação, e é evidente que continua a sê-lo. Não está interessado num acordo e, por isso, faz declarações nos meios de comunicação social para frustrar os esforços em curso", disse Badran, contactado telefonicamente pela AFP.
Badran também repetiu que o Hamas continua a exigir um cessar-fogo definitivo e uma "retirada completa e total das forças de ocupação [israelitas] da Faixa de Gaza", enquanto Netanyahu continua a afirmar que uma trégua não o impedirá de continuar a guerra até que o Hamas seja aniquilado.
Desde o início da guerra, a 7 de outubro de 2023, Israel e o Hamas só chegaram a um acordo de tréguas, no final de novembro. Durou uma semana e permitiu a libertação de 105 reféns, dos quais 80 israelitas e cidadãos de dupla nacionalidade, trocados por 240 palestinianos detidos por Israel.