Israel lança ataques aéreos em Gaza contra ofensiva do Hamas. Grupo islamita nega
Aviões israelitas lançaram dois ataques no sul de Gaza, este domingo, depois de combatentes do Hamas terem, segundo Telavive, atacado forças israelitas em Rafah, no que Israel considerou uma violação do cessar-fogo. O grupo palestiniano armado nega as acusações e sublinha que os alvos são milícias criminosas apoiadas por Israel e não militares do exército.
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O "amanhecer histórico de um novo Médio Oriente" que Donald Trump prenunciou na semana passada, enquanto reclamava os louros de ser o obreiro da paz na região, já entardeceu. O tempo passou e o cessar-fogo celebrado com pompa e circunstância tremeu. Como tremeu o sul de Gaza novamente este domingo, quando dois aviões israelitas voltaram a atacar o território, avançou a agência de notícias France-Presse (AFP), citando duas fontes palestinianas.
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O exército israelita confirmou os ataques aéreos na cidade de Rafah, no sul do enclave, ainda sob controlo israelita e sem fronteira aberta, alegando que foram uma reação a um ataque contra a suas tropas por parte de combatentes do Hamas. "Terroristas dispararam mísseis antitanque e abriram fogo contra militares das Forças de Defesa de Israel [IDF, na sigla em inglês] que operavam para destruir a infraestrutura terrorista na área de Rafah, de acordo com os termos do acordo", acusaram as forças de Telavive, em comunicado. "As IDF responderam com ataques aéreos de caças e fogo de artilharia, visando a área de Rafah para neutralizar a ameaça e destruindo vários túneis operacionais e estruturas militares onde foram detetadas atividades terroristas", adiantaram.
Antes, um oficial militar israelita tinha dito à AFP que o Hamas atacou tropas israelitas com tiros de sniper e uma granada lançada por via aérea. "Ambos os incidentes ocorreram numa área controlada por Israel, a leste da linha amarela", disse um oficial militar israelita à AFP, referindo-se ao ponto para o qual o exército israelita recuou como parte da primeira das três fases do acordo de paz. "Foi uma violação ousada do cessar-fogo" no território, considerou.
Segundo meios de comunicação afiliados ao Hamas em Gaza, citados pelo "The Times o Isreal", o grupo radical palestiniano teria como alvo milícias armadas apoiadas por Israel e não tropas da IDF. O objetivo seria atingir Yasser Abu Shabab, líder de uma organização paramilitar que opera com apoio israelita naquela área do enclave.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, instruiu as forças de segurança do país a tomarem "ações fortes" contra alvos militantes na Faixa de Gaza, acusando o Hamas de violar o cessar-fogo.
Hamas nega acusações
Alegando desconhecer qualquer ofensiva em Rafah, o braço armado do Hamas insistiu estar a cumprir o cessar-fogo com Israel e reafirmou o "total comprometimento em implementar tudo o que foi acordado". "Não temos conhecimento de quaisquer incidentes ou confrontos ocorrendo na área de Rafah, pois essas são zonas vermelhas sob o controle da ocupação. O contato com os nossos restantes grupos foi cortado desde que a guerra recomeçou em março deste ano", disseram as Brigadas Ezzedine Al-Qassam, em comunicado.
Os Estados Unidos alegaram, no sábado à noite, ter informações dos "países garantes" do cessar-fogo em Gaza de que estaria iminente um ataque do Hamas contra o povo palestiniano em Gaza, naquilo que "constituiria uma violação direta e grave do acordo". O movimento palestiniano rejeitou as acusações, alegando que os civis a que Washington se referia são, "na verdade, milícias financiadas por Israel, dedicadas a destruir a estrutura de segurança civil".
A mensagem norte-americana, defendeu o movimento islamita, é uma "acusação falsa que corresponde plenamente à propaganda israelita enganosa". O que está a acontecer, diz o Hamas, é o contrário: as suas intervenções visam combater "gangues criminosos, treinados, armados e financiados pelas autoridades de ocupação" que se dedicam a perpetrar "assassinatos, raptos, roubos de camiões de ajuda humanitária e ataques contra civis palestinianos".